Hepatite B: estoque zerado

Falta de vacinas e dificuldade de manter o estoque também é realidade em Passo Fundo:

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Situação preocupa Secretaria Municipal da SaúdeSituação preocupa Secretaria Municipal da Saúde
Situação preocupa Secretaria Municipal da Saúde
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Há oito meses a Secretaria Municipal de Saúde vem enfrentando um cenário preocupante na área de imunização: não há vacinas suficientes para suprir a demanda da população da cidade e região. O estoque da vacina que previne a hepatite B, por exemplo, está zerado. Outras três vacinas estão perto de chegar a esse ponto: antitetânica, contra a raiva e soro antiofídico. A situação, segundo o Secretário de Saúde, Luiz Arthur da Rosa Filho, é preocupante. Ainda assim, não é isolada: por falta de repasses do Ministério da Saúde, responsável pelo Programa Nacional de Imunizações, o estoque de vacinas baixou em todo o Rio Grande do Sul e o cenário se repete pelo país. 

O problema vem sendo registrado, no Rio Grande do Sul, desde o último trimestre do ano passado. Em Passo Fundo, a falta de vacinas ocorre há oito meses, mas foi neste início do ano que o cenário se agravou. “Temos falta de todas as vacinas que também estão faltando em nível nacional”, inicia o secretário. “É mais preocupante o caso da hepatite B, em que o estoque está zerado há 20 dias, o soro antiofídico, a antitetânica e vacina contra a raiva. Os estoques que não estão zerados, estão muito próximo do zero”, elucida. O que dificulta o trabalho da Secretaria é a falta de garantias tanto do Governo Estadual quanto do Governo Federal. “Não há garantia do restabelecimento desses estoques, o que nos torna mais aflitos. As alegações são múltiplas”.

Uma das soluções encontradas pela Secretaria foi centralizar a imunização: a vacinação, que acontecia nos 28 Postos de Saúde que existem, foi direcionada para 10 postos centrais. “Agora estão faltando vacinas nesses postos também. E, 35 anos do Programa Nacional de Imunização nunca havia acontecido isso. É uma situação muito preocupante. Viemos discutindo isso com o Estado há três ou quatro meses”. Para Luiz Arthur, se o cenário permanecer assim, é possível que doenças – que estão erradicadas há anos – sejam reintroduzidas e voltem a fazer parte do cenário da saúde no país. “É uma situação muito grave. Num espaço de três a cinco anos, pode, sim, acontecer de doenças como o sarampo, coqueluche e poliomielite, serem reintroduzidas. São consequências a longo prazo. No momento não vai ter prejuízo, mas se essa situação se prolongar, voltaremos a ter casos em abundância”, aponta.

Além de remanejar a vacinação, outra medida que pode ser adotada pelo município é a compra de doses com recursos próprios. “Estamos cogitando a compra, algo que nunca aconteceu antes e que não sabemos nem como proceder porque as vacinas sempre vieram do Estado ou do Governo Federal. Durante seis meses conseguimos remanejar entre os postos as doses disponíveis. Agora não conseguimos mais. Recebíamos três mil doses de hepatite B, por exemplo. Em agosto, recebemos apenas 900. Em dezembro e janeiro, não recebemos nada. Então, infelizmente suspendemos a vacinação. Claro que a hepatite B é preventiva, então é menos complicado, mas é um quadro que se projeta muito ruim”. O maior risco, destaca o secretário, é a falta do soro antiofídico, já que as doses – ainda que escassas – estão centralizadas em Passo Fundo, mas atendem toda a região.. “No verão, as pessoas saem, vão acampar e existe o risco de ser picado por uma cobra. Temos um estoque quase zerado”, explica e acrescenta, ainda, que o Estado garante que, nos casos do soro e da antitetânica, vai providenciar as doses necessárias.

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