OPINIÃO

Menos ódio, mais virtude

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A maioria dos investidores do mundo confessa que o ano de 2016 será mais difícil para um desenvolvimento real. A nova queda na cotação do barril de petróleo, que chega aos 27 dólares, faz despencar bolsas da Europa. A China, economia que ostentou o maior crescimento entre as potências mundiais enfrenta redução significativa no crescimento e já não é citada como exemplo contundente pelos observadores econômicos que comparavam indevidamente com as projeções do Brasil. A Globo escalou arautos do vaticínio para propagar a previsão do caos para nosso país, como se fosse o único a sofrer com as oscilações monetárias. A onda de euforia com a empregabilidade crescente até poucos anos em todos os estados brasileiros estancou nos erros de investimentos gigantescos em programas de incentivo à indústria automobilística, construção de obras necessárias e não prioritárias financiadas por programas do governo. E a Petrobras foi assaltada em plena decolagem! Entramos num momento em que a produção de supérfluos encontrava mercado interno pródigo. A comunidade parece que não despertou de equívocos do imediatismo. As políticas dominantes não mudaram o suficiente ao constatarmos o espantoso consumo de automóvel, motos, celulares e aparelhos de TV em casas de núcleos habitacionais irregulares, sem saneamento. O conforto aparente, regado por cartões de crédito, aumentou estrondosamente o lucro dos bancos, e surgiu a multidão de devedores inadimplentes. Parece que a realidade ainda não despertou a idéia de que é hora de pensar no que deve ser prioridade. A falta de dinheiro estimula o ódio entre segmentos sociais, hoje concentrado na responsabilidade de governo, apregoado pelos barões da informação sem o necessário chamamento ao foco virtuoso. Os erros a serem atacados não podem dispensar uma nova postura de virtudes e que não fique apenas no trabalho da polícia contra a corrupção.

Fé sem ilusão
A mídia nacional parece que não faz questão de frisar aspectos relevantes que garantem o potencial de retomada. O setor agropecuário revela-se consistente no sistema da produção. Se os chineses crescem menos e consomem menor quantidade de minério do Brasil, por outro lado não podem deixar de importar comida. É cada vez mais consistente a realidade que aponta nosso país como fornecedor de alimentos. Um setor que cresce e segura a economia. Não é hora de cultivarmos o assombro paralisante em relação ao presente e futuro, mas é urgente a fé no trabalho de produção. Este regenera.

Spotlight
Sem dúvida, o melhor documentário a respeito do trabalho do jornalismo investigativo é apresentado no cinema com o filme que versa sobre Spotlight. A saga do jornalismo demonstra como a consistência na busca de provas de uma denúncia produz a redenção. O filme mostra o trabalho de jornalistas nos Estados Unidos revelendo a face lúgubre da igreja dos padres pedófilos e a cumplicidade das cúpulas eclesiais. Foram citados 87 padres americanos instalados na proteção religiosa que abalou a cúria de Massachussetts. No início das denúncias a imprensa era acusada por ingênuos católicos de leviandade. As provas, no entanto, asseguraram a seriedade da investigação que depôs falsos líderes e aliviou uma comunidade religiosa que quer ser decente. Vale também a amostragem da missão jornalística para o mundo, cada vez mais difícil e rara, mas principalmente mais indispensável.

Retoques:
* O mundo tem 380 bilionários e 62 pessoas donos da fortuna equivalente à de 3,5 bilhões de humanos. Desequilíbrio de recurso e poder!
* Até a presidente Dilma foi alvo de uma desvairada ilação pelo método cinematográfico de “ligações perigosas”. A revista que estranhou a boa relação de Dilma com seu ex-marido e pai de sua filha em Porto Alegre restou isolada. Errou!
* O caminho do ódio não compensa e não restabelece paz. Deixem a polícia trabalhar e colher provas. Precisamos ficar atentos, mas produzir!

 

 

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