Una noche en Passo Fundo

Eles chegam ao anoitecer e vão embora ao amanhecer

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O portunhol ganha espaço na noite passo-fundense. Isso graças aos argentinos que dão uma paradinha por aqui. Eles falam em espanhol e arriscam expressões em português. Nós falamos em português e arranhamos um castelhano. Línguas latinas, alguns gestos e surge um inevitável portunhol. Hola, ou um simples oi. ¿Qué tal? Buenas noches e conversei com eles. Viajam em grupos de dois ou mais veículos. Em cada carro uma família. Partiram de Santa Fé, Salta, Oberá, Rosário... Seguem para Florianópolis, Bombinhas, Itapema e Balneário Camboriú. Nesta viagem, Passo Fundo é um oásis.

Ruta 285
Definitivamente, Passo Fundo é terra de passagem. Do amanhecer ao pôr do sol, os argentinos estão passando. Na BR-285 é argentino que vai e argentino que vem. O destino é o litoral catarinense, para onde seguem e depois retornam. Isso durante o dia. À noite a cidade assume outra vocação: ponto de parada. Assim como os tropeiros de antigamente, agora os hermanos escolheram as nossas hospedarias. Mesmo sem um mar como atrativo, a estratégica localização garante uma areia para Passo Fundo nesta temporada de veraneio. É um dinheiro que os turistas gastam em nossos hotéis, restaurantes, postos de combustíveis, oficinas mecânicas, supermercados, farmácias e outros. ¡Bienvenidos!

A maior cidade
Viajar à noite é inseguro. Além disso, os longos percursos entre a Argentina e o litoral catarinense exigem uma ou mais paradas para descansar. A BR-285 é uma rodovia praticamente obrigatória na quase totalidade dos trajetos possíveis. Isso vale tanto para quem vem de locais mais próximos ou distantes. De Posadas a Florianópolis são 980 km e Passo Fundo fica praticamente na metade do caminho. Já quem vem de Tucumán tem pela frente 2.070 km e, neste caso, Passo Fundo representa o início do último quarto da viagem. Os veranistas que partem de Córdoba irão andar 1.900 km e de Buenos Aires 1.740 km. (Compare: Passo Fundo - Rio de Janeiro = 1.424 km). O porte de Passo Fundo, a maior cidade no trecho brasileiro, representa segurança para os hermanos. A rede hoteleira e os bons restaurantes também são importantes atrativos. E isso não é nenhuma novidade. Lá pelo século XVIII os tropeiros já reverenciavam a localização estratégica e a hospitaleira vocação de Passo Fundo.

Una noche
Sol descendo, argentinos chegando. O check-in nos hotéis é feito entre 18 e 21 horas. Sol subindo, argentinos saindo. O check-out acontece das 7 às 9 horas. “Poucos fazem reserva, a maioria vem direto”, explica Ari Zanco na recepção do Itatiaia. Ao chegar, fazem a primeira pergunta. ¿Tiene cochera cerrada? Querem locais com garagem fechada para não mexer muito na bagagem. Depois são orientados em relação ao horário de verão. Banho rápido, hora do jantar. Riston Daniel, garçom do Boka, exercita seu espanhol fluente com os visitantes. “Geralmente pedem pizza, mas também querem pollo con pure de papas (frango com purê de batatas). Não reclamam dos preços, gostam de uma cervejinha e sempre deixam la propina (gorjeta)”. Na viagem de volta à Argentina, a maioria retorna aos mesmos hotéis e restaurantes utilizados na ida. Enfim, clientes cativos de uma grande terra de passagem. Hasta la próxima, Hermanos.

 

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