Verbo em três tempos
A cada ano que inicia, observo que os calendários ficam mais velozes. Os dias não passam mais. Agora eles nos ultrapassam. Inseridos nesta máquina do tempo que é a vida, nós carregamos o passado, respiramos o presente e estamos de olho no futuro. De fato, a vida é um verbo em três tempos. Mas bem que poderia contar com um controlador de velocidade. Quando o ontem fica bom, chega o hoje e acaba com a festa. No momento em que abrimos as portas para o hoje, quem entra é o amanhã! Se antes um mês parecia uma eternidade, agora ele é fugaz. Ainda em meio aos resquícios do réveillon, janeiro está na reta final. Com ou sem desfile, fevereiro já pede passagem. Logo, logo vem março que perde a cedilha para ser um marco do considerado início efetivo do ano. Em seguida suas águas fecham o verão, as folhas caem, pode até nevar, chegam as flores e começa a agitação de dezembro. Mais uma etapa cumprida e prosseguiremos neste grande desafio da vida: a nossa corrida contra o tempo.
Tripla carência
Antigamente, quando passava um carro com o som em alto volume, valia a máxima de que um dos três era novo: o motorista, o carro ou o aparelho de som. À época essa tese foi comprovada. Agora a realidade é outra e houve uma ampliação da idiotice: aumentou a quantidade de infratores, aumentaram os decibéis da barulheira e aumentou o mau gosto. Então surge outra tese: a da tripla carência. É a falta de educação de quem detona o volume do som no carro, a falta de bom gosto nas músicas que utilizam e a falta de fiscalização.
Desequilíbrio
De novembro aos primeiros dias de janeiro foi chuva e mais chuva. Tanta água, que até parecia um dilúvio. Depois, até ontem, foram 15 dias sem chuva, o que já é uma ameaça para algumas lavouras. Se não podemos controlar os excessos e carências de chuva, devemos nos preparar para lidar com as duas situações. Será que alguém fez alguma coisa para melhorar os passeios públicos? Arrumaram lajotas soltas ou trocaram as calhas que despejam água nas calçadas? E nos dias secos cuidaram para evitar resíduos que podem entupir os bueiros? Apenas reclamar da chuva e da seca não resolve.
Calendário
Conhecido vendedor de automóveis, lá pelos anos 1980, Carlos Alberto Graeff trouxe uma Rural Willys da fronteira. Foram mais de dois dias de viagem de Uruguaiana até Passo Fundo. Ele chegou reclamando do desempenho da caminhonete que não andava nada. Era tão devagar que Graeff trocou o velocímetro da Rural por um calendário...
Trilha sonora
Homenagem a Chaplin, “O Bêbado e a Equilibrista” de João Bosco e Aldir Blanc ironizou até as obras públicas que, assim como a ditadura, despencavam. Em 1979, na gravação de Elis Regina, ganhou força com o arranjo de César Camargo Mariano e logo se transformou em Hino da Anistia. http://migre.me/sMWKQ