Moradores da localidade de São Braz, no interior de Passo Fundo, estão mobilizados contra a extração de pedra basalto em uma área de 2 hectares da região. De acordo com os moradores, a instalação de uma pedreira pode prejudicar as vertentes que existem nas proximidades, utilizadas para consumo das famílias e irrigação das propriedades. “Nós não queremos que seja liberada”, afirma o morador Marco Gerhardt. “Não tem como conciliar uma pedreira de alto impacto com uma comunidade que mora aqui, que preserva, que precisa da água. A pedreira pode ser feita em outro lugar”.
Na manhã de quinta-feira (28), houve uma reunião entre representantes de moradores, o Grupo Ecológico Sentinela dos Pampas (GESP) e o Ministério Público Estadual. Os moradores protocolaram junto ao MP documentos e declarações com um abaixo-assinado contendo a representação de 33 pessoas, externando o seu descontentamento com a possibilidade das atividades de mineração no local. O documento pede ainda que seja feito um estudo de impacto ambiental e de vizinhança sobre o empreendimento.
De acordo com o texto do documento, “a abertura de fendas e crateras altera o relevo e a paisagem, retira a vegetação, em alguns momentos prejudicam os recursos hídricos e causa poluição sonora e atmosférica significativa”. A poluição sonora do empreendimento também é uma reclamação do empreendimento.
Além das vertentes, o barulho e o pó da extração preocupam os moradores. “Não é um comunidade vazia, aqui não é um lugar desabitado. Tem muitas famílias morando”, comenta Marco Gerhardt. “Nós não somos contra o empresário ou a pedreira, mas há tantas áreas onde existe basalto abundante, que podem ser exploradas e onde não há comunidade nem nascentes”.
“Será que meus netos vão tomar essa água que nós estamos tomando?”, pergunta outro morador, Ivo Bonfanti. Para Paulo de Godoi, que tem uma produção de hortaliças, o pó vindo da extração poderia prejudicar o trabalho. “Eu dependo dessa água para molhar [a produção] e depende também de não fazer poeira, por que como vou colher um pé de alface com pó de pedra?”, pergunta.
A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) já trabalha nos licenciamentos para o empreendimento, que recebeu duas das três licenças para início da extração. A última ainda não tem previsão para ser concedida. Segundo o GESP, não existe nenhuma questão ambiental que impeça o empreendimento, como florestas e bosques na região, por exemplo. A entidade, no entanto, apoia que seja feito um estudo sobre as possíveis consequências da pedreira. “Eles [os moradores] têm todo o direito de ter essa preocupação, de saber o que vai acontecer com a água, de uma possível ‘industrialização’ da área”, afirma o diretor do GESP, Paulo Fernando Cornelio.
Moradores se mobilizam contra instalação de pedreira
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