O Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo, desenvolve a campanha permanente Doe Órgãos: uma corrente pela vida. O trabalho das equipes captadoras e transplantadoras é intenso para que mais pessoas saiam da lista de espera, recebam um órgão e possam fazer o transplante, tendo uma nova chance de viver com qualidade. Em 2015 o HSVP registrou 12 transplantes de fígado, 21 de rins, 60 de córneas, 50 de tecidos musculoesqueléticos. Em relação a doação, foram captados nove fígados, 25 rins, dois pulmões, um coração para válvula, um pâncreas e 36 córneas. Em nível estadual, o ano foi muito importante para o Rio Grande do Sul, que bateu o recorde do número de transplantes, chegando a 2.274 procedimentos.
Em Passo Fundo, o chefe da Equipe de Transplante Hepático do HSVP, Dr. Paulo Reichert enfatiza que o ano de 2015 foi positivo em alguns pontos e negativo em outros. O estado alcançou um bom número de transplantes, porém em função do enxugamento de despesas, não existe mais a equipe de captação do estado. Conforme o especialista, essa lacuna dificulta a captação de órgãos para os hospitais que estão mais distantes da capital, o que contribui para que o número de transplantes não seja maior. “Ano passado nós fizemos 12 transplantes de fígado e 13 pessoas morreram na fila de espera por um órgão. Ou seja, continuamos com alegrias, tristezas e, infelizmente, com algumas perdas. Mas que bom que transplantamos estes 12, com uma taxa de sobrevida de 75%, mas os desafios continuam”, enaltece.
Em relação a fila de transplantes, Reichert informa que 21 pacientes estão aguardando por um fígado na região de Passo Fundo. “Os maiores indicativos para transplante são o vírus da hepatite B e C. Mas, acreditamos que a médio prazo esses números tenham uma diminuição, já que os medicamentos para a hepatite C começarão a ser distribuídos. Além disso, precisamos trabalhar mais na prevenção, já que continuamos a ver os jovens consumindo bebida alcoólica cada vez mais cedo”, orienta o especialista.
Para que o elo pela vida aconteça, é necessário uma estrutura hospitalar que requer estradas e aeroportos funcionando adequadamente. Nesse sentido, Reichert evidencia que a situação de crise instalada no país e estado influencia nos transplantes, já que diminuem os repasses para os hospitais e também para a infraestrutura. “Há uma dificuldade para renovar as equipes, porque não há atrativo financeiro, muitos jovens não se interessam em trabalhar com transplantes. Há muita emoção envolvida, o processo acontece durante a madrugada, perdemos paciente na fila de espera, enfim diversos fatores”.
Doação, o principal elo do transplante
Um transplante somente acontece quando há um doador de órgãos. Para isso, a família precisa autorizar a retirada dos órgãos. No Hospital São Vicente de Paulo o número de negativas familiares ainda é alto. Em 2015, 13 famílias optaram pela não doação. Nesse aspecto, Reichert avalia que “o Rio Grande Sul evoluiu muito nessa questão da negativa familiar, tivemos uma melhora. O gaúcho de uma forma geral é mais favorável à doação do que contra.
Chance de uma nova vida
Há três meses, Pedro Rolin Galvão, 70 anos, de Ijuí, viu sua vida transformada graças ao transplante de fígado. Muito doente, Galvão estava em estado de coma e sem conseguir se alimentar, quando enfim, recebeu a notícia de que havia um órgão compatível para ele. “Eu nasci de novo. Não sei nem como agradecer a equipe e ao doador. Sem o transplante eu não estaria vivo. A minha vida mudou, estou me cuidando, me recuperando e me sinto muito bem. Eu recebi uma nova chance de vida”, relata o transplantado, reiterando ainda sua gratidão a pessoa que fez a doação. Em relação aos transplantes em 2016, Reichert acredita que seja um ano positivo. “Os desafios continuam. Acredito que vamos realizar mais de 20 transplantes de fígado neste ano e esperamos não perder tantas pessoas na fila. Até agora já realizamos dois transplantes e os pacientes estão se recuperando bem, esperamos que siga assim”.
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