A Imprensa divulga que mais de 1.5 milhões de trabalhadores foram demitidos no Brasil nos últimos meses. Toda estatística de empresas e lojas que foram fechadas ou colocadas à venda é absolutamente desatualizada. Max Gehringer relata em seu livro Pergunte ao Max que quase 30 % dos executivos demitidos em São Paulo não tinha a mínima ideia de que seria demitido. Por quê? Porque eles estavam na famosa zona de conforto e não pensavam o movimento global e nem nas tendências do mercado de trabalho.
Diante dessas informações a pergunta que deve ser feita a todo trabalhador é a seguinte: o que me garante nesse emprego atual? Ou, ainda, que características que desfruto fazem com o que o patrão que me contratou me mantenha num momento de crise? O mundo convulsiona, o petróleo que foi matriz de desenvolvimento e impulsionador de outras matrizes está em abundância o que baixa seu preço e puxa para baixo outras variáveis e aumenta preço de commodities. Resumindo, as coisas ficam mais caras, está difícil a compra-venda de produtos e a gente começou a dançar, literalmente. Não há mercado de trabalho para todos e como o filósofo Billy Paul cantava há mais de 30 anos only the strong survive (somente o forte sobrevive) parecia-nos verdadeiro e dançável nos frenéticos dancing days. Mas, não; não é o forte que sobrevive, é o que se adapta, é o camaleão. Não é Billy Paul, é David Bowie.
Hoje, todo o bacana deve entender que não basta fazer melhor que seu concorrente; ele deve fazer tudo que seu concorrente não faz. Uma empresa vende-compra usando o CNPJ, é verdade e sabido; mas, quem faz a transação é o CPF, ou seja, pessoa trata com pessoa. E quem é a pessoa que está tratando de teu CNPJ? Que habilidades tem ela? Qual é o grau de envolvimento visceral que ela tem com a ideia de negócio que tu suastes para colocar em prática?
Tenho pensado nisso, na condição de professor universitário e que vai ajudar a colocar no mercado de trabalho gente jovem como meus filhos. A grande diferença entre faculdade e o emprego está na transição da individualidade (o aluno é um ser individual e suas notas não são influenciadas pelo desempenho de seus colegas) para a coletividade, ensina Gehringer em O Sucesso Passo a Passo. Faz-se necessário e de maneira emergente que ensinemos aos alunos a noção que dependemos uns dos outros e que cada qual deve dar o seu melhor, a não ser que gostemos de dançar.
