A indiferença às diferenças foi o objetivo central da equipe de direção da Academia Passo-Fundense de Letras (APLetras) nos últimos dois anos. A entidade, que completa 78 anos de fundação em abril, é referência na defesa e na difusão da cultura local e também na valorização e reconhecimento de quem luta por estes ideais. Mais do que ocupar espaço em um dos prédios do conjunto histórico mais tradicional do município, a APLetras, por meio de seus acadêmicos, ocupa diferentes espaços sociais de Passo Fundo. De salas de aula a grandes eventos culturais, a APLetras é peça chave no desenvolvimento do município. Se seus membros influenciaram em grandes conquistas no passado, como a instalação do ensino superior do município, hoje também não faltam ideais pelos quais lutam.
Após dois anos à frente da direção da APLetras, o acadêmico Gilberto Cunha, faz uma avaliação sobre as ações desenvolvidas pela entidade. Em entrevista ele fala sobre a função da Academia na comunidade local, o ideal de respeito a pluralidade defendido pela entidade e a necessidade de Passo Fundo honrar o título de Capital Nacional da Literatura. Confira a entrevista:
O NACIONAL - Há dois anos à frente da Academia Passo-Fundense de Letras qual a principal avaliação que o senhor faz do trabalho desenvolvido pela entidade?
CUNHA – Nesse momento que, por força de cumprimento de mandato, deixo a direção da Academia Passo-Fundense de Letras, não posso me furtar de dizer que presidir essa instituição foi uma experiência enriquecedora em todos os sentidos, pessoal e profissionalmente. A gestão nesse tipo de organização, ao mesmo tempo que não pode se afastar dos princípios da administração pública, em termos de observação de normas, exige habilidades para se lidar com os pares e o com trabalho voluntário. Nesse aspecto, aprendi muito e saio melhor qualificado em gestão do que quando entrei. Também não posso deixar de agradecer a colaboração que recebi de todos os acadêmicos, em especial, dos membros da diretoria que ora encerra o mandato (acadêmicos Agostinho Both, Paulo Monteiro, Dilse Corteze, Francisco Mello Garcia, Júlio Perez e Sueli Frosi). Ainda, cabe mencionar o apoio que recebemos dos presidentes da Academia Passo-Fundense de Medicina e do Instituto Histórico de Passo Fundo, Dr. Carlos Antonio Madalosso e empresário Fernando Miranda, bem como dos secretários municipais Pedro Almeida e Edemilson Brandão, da Cultura e Educação, que, indistintamente, sempre colaboraram com as nossas iniciativas. A todos, o meu muito obrigado! Buscamos honrar o legado histórico dessa instituição. Acredito que levamos adiante, sempre com muito respeito e reconhecimento, o trabalho executado pelas direções que nos antecederam. Promovemos eventos, concursos literários, oficinas de escrita criativa, publicamos obras, realizamos benfeitorias na sede, estivemos, institucionalmente, presentes nos principais eventos culturais da cidade, prestamos nossas homenagens a pessoas que deram contribuições relevantes à cultura local, estivemos presentes nas escolas e na comunidade. Enfim, acredito que justificamos a existência institucional nos últimos dois anos.
O NACIONAL - Percebe-se que hoje a entidade busca uma aproximação com outras entidades como o Instituto Histórico e com a Academia Passo-Fundense de Medicina. De que forma isso influenciou na atuação da academia e na visibilidade de suas ações?
CUNHA – Tivemos o privilégio de, nos últimos anos, realizarmos alguns eventos juntos com instituições como o Instituto Histórico de Passo Fundo e a Academia Passo-Fundense de Medicina. De fato, estamos em débito com essas instituições, uma vez que a iniciativa dos convites partiu delas. Somos agradecidos ao Dr. Carlos Antonio Madalosso, ex-presidente da APM, e com o empresário Fernando Miranda, presidente do IHPF, pela deferência dada a APLetras. Vale desatacar, entre inúmeras inciativas, as sessões em homenagem às memorias do Pe. Alcides Guareschi e do Dr. Pedro Ari Veríssimo da Fonseca, que marcaram o reconhecimento público ao legado deixado por esses homens para Passo Fundo. Sem dúvida, esses apoios da APM e do IHPF ampliaram o espaço de atuação do nosso sodalício.
O NACIONAL - Na sua opinião, a academia precisa reafirmar seu papel na comunidade passo-fundense? Como isso deve ser feito?
CUNHA - A Academia Passo-Fundense de Letras tem estado presente na vida cultural de Passo Fundo nos últimos 78 anos. O seu legado pode ser medido pelos desdobramentos de inciativas que um dia começaram a ser gestadas e discutidas nas reuniões do sodalício e hoje são instituições consolidadas em nossa cidade. O seu papel é atuar de forma discreta, mas visível pra quem quiser ver. O papel de intelectuais públicos que os membros dessa instituição exercem, com presença praticamente diária, nas colunas de opinião assinadas e nas entrevistas nos veículos locais de comunicação, não pode ser menosprezado. Precisamos, evidentemente, captar os sinais dos tempos e atuarmos em consonância com as novas realidades locais, primando sempre pelo respeito à diversidade de opiniões.
O NACIONAL - Sobre a interação da APLetras com algumas das principais movimentações culturais de Passo Fundo, como a Jornada de Literatura e a Feira do Livro, o senhor acredita que ela tenha o espaço, a valorização e a representatividade condizente com a entidade?
CUNHA – A APLetras tem marcado presença nesses eventos e gozado de espaços privilegiados. Participamos das últimas Jornadas Literárias, nos chamados encontros de Academias, com os membros da Academia Brasileira de Letras, inclusive, tivemos a visita de dois presidentes da ABL em nossa sede, quando das suas vindas a Passo Fundo, bem como estivemos presentes nas Feiras do Livro de Passo Fundo, com estande institucional, sessões de autógrafos, saraus e debates no palco de atrações. Cabe aqui o nosso agradecimento a UPF, especialmente à coordenação das Jornadas de Literatura, e à Associação dos Livreiros de Passo Fundo. Apenas para realçar que não estamos alijados dessas movimentações culturais, não posso deixar de mencionar que a APLetras tem a honra de ter ou ter tido nos seus quadros cinco ex-patronos da Feira do Livro de Passo Fundo: Meirelles Duarte, Gilberto Cunha, Paulo Monteiro, Tau Golin e Jorge Salton.
O NACIONAL – Hoje, Passo Fundo carece de um novo modelo de projeto de incentivo à leitura?
CUNHA – O principal projeto que Passo Fundo precisa hoje é de formação de escritores, embora essas figuras leitor e escritor quase sempre sejam indissociáveis. Precisamos qualificar a nossa escrita com oficinas de criação literária, de apoio a publicações, de prêmios de reconhecimento aos escritores locais, etc. Coisas que venham no sentido de qualificar e formar os novos escritores. Os programas que a UPF conduz há muitos anos de incentivo à leitura, formação de leitores, Mundo da Leitura, Livro do Mês, etc., além do apoio financeiro que a Prefeitura concede aos professores municipais para a aquisição de livros, cumprem magistralmente bem o papel de incentivo a leitura. O papel que o Projeto Passo Fundo de Apoio á Cultura exerce no apoio editorial é meritório, mas precisamos avançar nesse sentido. O projeto que ora esta sendo gestado entre a Prefeitura, via secretarias de Cultura e Educação, e a APLetras, de reconhecimento à excelência dos trabalhos que sejam produzidos por escritores locais precisa ser posto em prática.
O NACIONAL - Para quem está de fora, nem sempre está claro qual o real papel da APLetras na sociedade. Qual é ele?
CUNHA - Nenhuma instituição resiste a 78 anos, que, no caso da Academia Passo-Fundense de Letras serão completos no próximo dia 7 de abril, se não tiver relevância. A história da APLetras deixa muito bem claro qual é o papel dessa instituição na sociedade passo-fundense. Ao reunir, durante toda a sua história, em seus quadros, pessoas preocupadas e engajadas com o desenvolvimento cultural local e a promoção da educação, muitos projetos que um dia foram discutidos nas reuniões do sodalício hoje são realidades em nossa sociedade. Como são exemplos notórios: a implantação do ensino superior em Passo Fundo, a criação da biblioteca municipal, a fundação do CTG Lalau Miranda e o primeiro grupo de trabalho para a estruturação da Roselândia, entre outros. O papel da APLetras é, por intermédio dos seus membros, ajudar, de forma desinteressada e discreta, a transformar sonhos em realidades. Ou alguém duvida que aqueles registros nas velhas atas das reuniões da instituição, sobre a implantação do ensino superior em Passo Fundo, lidos hoje, à luz de uma cidade que se transformou em um centro de referência em Educação, não seriam mais que meros sonhos de visionários. Ao promover a cultura nas suas várias facetas promove-se, em última instância, o desenvolvimento social e econômico de Passo Fundo.
O NACIONAL - Como a APLetras busca atuar para além do prédio histórico? Como busca integrar novos públicos para que suas iniciativas não fiquem restritas aos membros que a integram?
CUNHA – Indiscutivelmente, a APLetras há muito tempo, se é que alguma vez foi, deixou de ser uma instituição fechada e exclusiva para os seus membros. A nossa instituição sempre esteve envolvida com a comunidade. Temos nossos projetos que envolvem concursos literários para estudantes, mantemos um programa semanal de entrevistas com escritores locais na TV Câmara, que já dura mais de 10 anos, editamos uma revista aberta ao público, também com mais de 10 anos de circulação, e organizamos coletâneas de poemas de autores passo-fundenses que são publicados no túnel do Largo da Literatura, promovemos palestras com a presença de acadêmicos nas escolas, organizamos a Semana das Letras Passo-Fundenses, realizamos eventos culturais abertos em nossa sede, promovemos lançamentos de livros de escritores que não são acadêmicos, recebemos visita de escolas e colaboramos ativamente com as inciativas das secretarias municipais da Cultura e da Educação, no que tange às promoções com estudantes no complexo do centro histórico. Em resumo, não nos serve a pecha de uma intuição que se restringe única e exclusivamente à promoção do bem-estar dos seus membros.
O NACIONAL - Que tipos de escritores a academia reúne? Ao longo dos últimos anos houve alguma mudança no perfil?
CUNHA – Historicamente, a APLetras tem tido as suas 40 cadeiras ocupadas por pessoas que vivem em Passo Fundo e primam pela diversidade de profissões, de formação cultural, de crenças religiosas, de ideário político, etc., mas que, em comum, tem o gosto pela cultura de maneira geral e pela literatura em particular e o desprendimento para trabalhar voluntariamente em prol do desenvolvimento cultura local. Desde a sua fundação, em1938, a instituição sempre congregou lideranças políticas, religiosas, intelectuais e empresariais de Passo Fundo, que, pela sua práxis, não se furtavam de exercer o papel de intelectuais públicos. Não há preocupação exacerbada em termos escritores de escol nos nossos quadros. O que se busca são pessoas capazes de lidar com cultura, que tenham algum tipo de produção escrita nos mais variados gêneros, e estejam dispostas a seguir o que reza o estatuto da instituição. Hoje, a APLetras tem uma formação plural, contando, como seus membros, com professores, advogados, médicos, dentistas, jornalistas, historiadores, psicólogos, engenheiros, etc. Uma análise, ainda que superficial, indica que não necessariamente houve mudança de perfil dos acadêmicos ao longo dos anos. O que houve foi uma mudança de perfil da própria sociedade local, que acaba sendo espelhada na Academia Passo-Fundense de Letras. De qualquer forma, o ecletismo tem sido mantido.
O NACIONAL - O que define quem pode ser um membro da APLetras?
CUNHA – Eu diria que o próprio indivíduo interessadoé quem efetivamente define se quer e pode ser ou não um membro da APLetras. Isso se dá por meio da história pessoal que cada um constrói e pelo envolvimento com algum tipo de atividade cultural em nossa cidade e a disposição para o trabalho voluntário. Evidentemente que há requisitos, como ser domiciliado em Passo Fundo, possuir alguma produção literária publicada e ter disposição para o trabalho na instituição. O ingresso é por meio de seleção pública, especificada em edital, conforme a vacância de cadeiras, que ocorrem por morte de membros, mudanças de cidade, renúncia ou até desligamento por não cumprimento das obrigações estatutárias. Nos três últimos processos seletivos, por exemplo, as candidaturas excederam ao número de vagas, que fez com que nem todos que se inscreveram lograssem êxito para ingressar no sodalício. O edital é aberto e uma comissão de seleção é encarregada de elaborar um relatório, que avalia o mérito da produção escrita e o potencial do candidato por meio de entrevista presencial, que é submetido à apreciação de assembleia especificamente convocada para essa finalidade.
O NACIONAL - Qual o papel da academia para a ampliação da produção literária em Passo Fundo?
CUNHA – Em termos de produção escrita, fora do ambiente universitário da pós-graduação, há dois repositórios de produção literária local que merecem ser mencionados. Um deles é o Projeto Passo Fundo de Apoio à Cultura, criado pelo Ernesto Zanette, que, nos últimos anos tem editado muitos livros, tanto de autores individuais quanto no formato de coletâneas. O outro é a Academia Passo-Fundense de Letras, quer seja pela produção dos seus membros ou pela publicação de livros resultantes de concursos promovidos com estudantes ou ainda pelo espaço que disponibiliza para os escritores locais nas páginas da revista Água da Fonte. Os concursos da APLetras têm despertado vocações e alguns desses estudantes têm se lançado a novos projetos literários. Além disso, vale mencionar a nossa preocupação com a formação de escritores. Nesse sentido, a APLetras promoveu no último ano duas oficinas de criação literária, que foram abertas ao público em geral.
O NACIONAL - E na difusão do hábito de leitura, como a entidade atua. Esta é uma preocupação?
CUNHA – A formação de leitores tem sido a tônica da Universidade de Passo Fundo. Nesse particular, a professora Tania Rösing construiu um patrimônio imensurável, tendo, não só Passo Fundo, mas o Brasil inteiro, uma dívida impagável para com a UPF. Não temos, atém mesmo por conta do trabalho realizado pela UPF, um projeto estruturado diretamente para a formação de leitores. Todavia, indiretamente, por meios de nossas muitas iniciativas envolvendo literatura e cultura, estimulamos e promovemos a leitura.
O NACIONAL - Sobre a atuação junto ás gerações mais jovens, há uma preocupação da entidade em realizar atividades relacionadas a estes públicos? Quais o senhor destaca?
CUNHA – Sem a menor sombra de dúvida, os jovens, especialmente os estudantes, têm merecido atenção especial da Academia. Cabe destacar, além dos concursos literários, cujas peças produzidas pelos estudantes, são enfeixadas em livros, como é exemplo a publicação, em 2015, do livro “O Irreverente Ignácio de Loyola Brandão”, mais duas iniciativas que julgo relevantes: os projetos “Acadêmicos nas Escolas”, com a visita e palestra de acadêmicos nas salas de aula, e “Escolas na Academia”, com os estudantes sendo recebidos por acadêmicos no auditório do sodalício. Esses projetos, envolvendo escolas, cumpre frisar, são frutos de parcerias com as secretarias municipais da Cultura e da Educação.
O NACIONAL - A Academia frequentemente realiza homenagens. Qual critério o senhor considera mais importante para que essas distinções sejam concedidas e qual o papel destas homenagens para a preservação da memória dos feitos realizados pelos agraciados?
CUNHA – Estabelecidas por regimento, são duas as distinções honoríficas que a Academia concede anualmente, quer seja aos colaboradores da instituição ou àqueles que tenham se notabilizado por um relevante serviço prestado à cultura local. Especificamente, são elas: o Diploma de Menção Honrosa Francisco Antonino Xavier e Oliveira, que pode ser concedido a mais de uma pessoa por ano, e a Comenda Mérito Cultural Sante Uberto Barbieri, em concessão anual única. Não há qualquer banalização nessas concessões, o que prevalece é a meritocracia. No tocante ao Mérito Cultural Sante Barbieri, destaco que, até hoje, apenas quatro pessoas receberam essa distinção honrosa. Foram elas: Ernesto Zanette, pela criação do Projeto Passo Fundo de Apoio à Cultura, Marília Mattos, pelo resgate da obra de Francisco Antonino Xavier e Oliveira, Pe. Elli Benincá, pelo trabalho na área de Educação, e Pedro Ari Veríssimo da Fonseca, pelo conjunto da obra e em especial pelo empenho para a reabertura do Instituto Histórico de Passo Fundo. Além do troféu concedido aos homenageados, os seus nomes são acrescentados na placa especial afixada junto à galeria dos ex-presidentes do sodalício.
O NACIONAL - Na sua opinião, a Academia precisa mudar, ou não, sua forma de atuação junto à comunidade?
CUNHA – Frisamos, mais uma vez, que o sodalício das letras locais tem primado, ao longo dos seus 78 anos de história, pela presença ativa na vida cultural da cidade. Nos últimos 15 anos, pelo menos, a Academia Passo-Fundense de Letras tem atuado ativamente junto à comunidade, quer seja recebendo pessoas para eventos na sua sede ou pela presença de acadêmicos em escolas e outros espaços de debate público. Precisamos é dar continuidade a esse valioso legado que os acadêmicos do passado nos deixaram. As pessoas mudam, mas instituições permanecem. Indiscutivelmente, precisamos manter e ampliar cada vez mais, com a renovação dos nossos quadros, a presença da APLetras em projetos culturais realizados junto à comunidade local.
O NACIONAL - Na sua opinião, Passo Fundo é realmente a Capital Nacional da Literatura? Por quê?
CUNHA - Há uma lei que nos dá esse título honorífico. Portanto, não se discute: legalmente somos a Capital Nacional da Literatura. Razões para isso não faltaram, especialmente pela notoriedade que a cidade alcançou com as Jornadas de Literatura promovidas pela UPF e uma suposta pesquisa sobre índice de leitura na cidade. Mas, esse título, mais que motivo de orgulho, nos impõe a obrigação de justificá-lo. E, nesse sentido, a nossa história recente, com a não realização da Jornada Nacional de Literatura, fechamento de livrarias e a falta de uma proposta efetiva de formação de escritores, causa certa apreensão. Mas, sou otimista e acredito que, um dia, ainda justificaremos plenamente esse título, tendo além de leitores também escritores reconhecidos.
O NACIONAL - Ao longo de quase 80 anos, qual foi o papel da academia na
consolidação deste título?
CUNHA – O papel histórico de ter sido a instituição pioneira nas lides culturais na cidade, que sempre congregou escritores, intelectuais de diversas matizes e promoveu a organização de bibliotecas, de projetos de incentivo à leitura, concurso literários, produziu livro, etc. Em síntese, uma instituição que tem honrado a sua história. Não há muitas academias de letras no Brasil que tenham o patrimônio cultural acumulado em 78 anos de história como o nosso sodalício.
O NACIONAL - E para o futuro como a entidade deverá atuar para se manter fiel aos seus propósitos sem esquecer de acompanhar os avanços tecnológicos e sociais?
CUNHA – Não se afastar jamais do seu ideário de respeito à pluralidade. Foi por isso que, quando tomei posse como presidente, em 2014, fiz questão de frisar que o lema que adotaríamos como norteador da nossa gestão era “sermos indiferentes às nossas diferenças”. E espero ter conseguido levar esse compromisso à risca. De qualquer forma, para nos mantermos por mais 78 anos, vamos precisar cada vez mais de bons projetos na área cultural, mas que estejam sintonizados com tempos atuais e cada vez mais próximos da comunidade. Eu acredito que isso irá acontecer com o trabalho da nova diretoria que ora assume o sodalício, que tem no comando a competente acadêmica Dilse Piccin Corteze.