O Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, chamou de “bacanal eleitoral” as alianças políticas no seu estado. Tal definição foi em razão da sua insatisfação sobre as alianças políticas no Estado do Rio de Janeiro, após o PSB declarar o apoio ao PT do candidato a Governador Lindbergh Farias ao Governo do Estado.
Ao desabafar, o Prefeito do Rio de Janeiro encontrou respaldo na realidade, a aliança em torno do Governador Pezão do PMDB que conquistou a reeleição teve uma estrutura de 18 partidos no estado que é o terceiro maior colégio eleitoral. A candidatura de Dilma foi a grande prejudicada, já que perdeu o palanque do PMDB, que é seu aliado de primeira hora no plano nacional, a aliança branca entre Aécio Neves e Pezão é chamada de Aezão.
No estado de São Paulo, ao buscar a reeleição o Governador Alckmin do PSDB, selou uma aliança com o PSB, que indicou seu candidato à vice, em tempo, no plano nacional, o PSDB tem como presidenciável Aécio Neves e o PSB tinha Eduardo Campos que em razão do acidente de avião que tirou sua vida embarcou na época na canoa de Marina Silva. Por sua vez, o PT de Dilma teeve palanque duplo pelo PT Alexandre Padilha e pelo PMDB Paulo Skaf, e o PP de Maluf apoiou o PT de Padilha e Dilma.
Em Santa Catarina, o DEM se transformou em PSD e uma parte do PSD migrou para o PSB, neste caso, a família Bornhausen outrora considerada expoente da direita conservadora migrou para o PSB, diante disso, quem ficou no PSD se comprometeu com o PT de Dilma, quem foi para o PSB, tornou-se Marina Silva.
Candidato a Governador José Ivo Sartori pelo PMDB do Rio Grande do Sul, não seguiu a orientação nacional, e apoiou o PSB de Marina Silva. O candidato a Governador pelo PDT Vieira da Cunha não fez dobradinha para a presidência da república, mas atucanou com um apoio branco ao candidato Aécio Neves, e recusando-se a apoiar o PT, apesar de o PDT ter confirmado aliança nacional com o PT. Senadora pelo PP Ana Amélia foi candidata a Governadora. No plano nacional, apoiou Aécio Neves do PSDB, porém o PP nacional jura estar fechado com o PT de Dilma.
A prática de alianças de conveniência tem se alastrado nas composições das eleições para prefeituras, governos dos estados e para a Presidência da República. Aqui no Rio Grande do Sul, estado que se orgulha de dizer que é diferente de todo o Brasil, essa prática tem sido a regra e não a exceção.
No ano de 2013, após a onda de manifestações e com o objetivo de dar alguma satisfação aos protestos ocorridos naquela época, novamente a reforma política entrou em debate. Em um pronunciamento à nação, a Presidente Dilma propôs um conjunto de propostas, dentre elas, a reforma política. Até hoje, a mãe de todas as reformas repousa em berço esplêndido em alguma gaveta de algum político em Brasília.
A Presidente Dilma, sustentava que “é necessária a construção de uma ampla e profunda reforma política que aumente a participação popular, e amplie os horizontes da cidadania. Esse tema, todos nós sabemos, já que entrou e saiu da pauta do país por várias vezes, e é preciso que nós, ao percebermos isso, tenhamos a iniciativa de romper o impacto”.
Não podemos esquecer que o “bacanal eleitoral” começou com o próprio prefeito Eduardo Paes que de algoz do PT na CPI dos Correios passou a ser queridinho do stabelechiment petista. Sem contar Aécio Neves que em 2002 e 2006 patrocinou, em Minas Gerais, Lulaécio, que era Lula Presidente e Aécio Governador e, em 2010, Dilmásia Dilma Presidente e Anastasia Governador. Portanto, a descrença do povo com a política, partidos e políticos tem uma explicação, esta explicação é o “bacanal eleitoral partidário”.
Após as manifestações do dia 13de março de 2016, “o da depois de amanhã” tornou-se mais incerto e insano. A manifestações refutaram políticos, partidos e tudo o que eles representam O futuro encontra-se incerto e insano em razão de não existir lideranças capazes de propor um projeto de nação minimamente plausível de união e sinalizando para um futuro promissor. O bacanal da felicidade instalado no Brasil, está levando a população a não entender o que está acontecendo, a população mantém-se incrédula sem perspectiva. Enquanto todos os conchavos e as entranhas dos acordos narrados nos últimos tempos é exposta a olho nu, e exala um cheiro de podridão, safadeza e esperteza da classe política que tornou a política seu e somente seu, o bacanal da felicidades.
A população perde renda, perde emprego, perde a dignidade e perde o mais importante o sonho de um país justo, igualitário e cheio de oportunidades. Oportunidades essas que novamente irá demorar para ser conquistada no Brasil, em razão da ganância, mesquinhez e pelo projeto poder de todos os políticos e partidos políticos sem exceção. Sigamos em frente, acreditando na justiça, acreditando na democracia, acreditando na dignidade humana e que em algum momento um novo caminho será trilhado com mais prosperidade e mais democracia.
Professor Coordenador da Escola de Administração da IMED