Não pode tudo
A crise (grave) política instalada no país traduz a incapacidade que temos em lidar com o que é do Estado de Direito. O acirramento dos protestos (todos legítimos) mostra que não sabemos separar o que deve ser apurado num processo investigatório, do que legalmente é permitido que se faça para esta apuração. Entramos na onda de que os fins justificam os meios. Tudo pode, tudo é possível. Os fins não justificam os meios e a conta disso pode ser alta demais no futuro. No Estado de Direito, que deve ser preservado acima de qualquer paixão ideológica, as instituições devem funcionar a pleno sem intervenções. A Constituição deve ser cumprida e a governabilidade garantida. O que estamos vivendo são paixões acima da racionalidade, a Constituição sendo rasgada e a absoluta falta de condição de governabilidade. Qualquer faísca neste barril de pólvora explode a Nação.
Ditadura Jurídica
As decorrências já estão mais que explicitadas: há uma crise institucional instalada e uma insegurança jurídica sem precedentes. “Não podemos sair de uma ditadura política, para uma ditadura jurídica. A corrupção deve ser combatida dentro do Estado de Direito”, advertiu o advogado José Osmar Teixeira, ao manifestar preocupação com os últimos acontecimentos, especialmente envolvendo o juiz federal Sérgio Moro, que revelou conversas entre a presidente Dilma e Lula na quarta-feira. “Conversas que jamais poderiam ter sido reveladas por um juiz, já que a presidente te foro privilegiado. Se isso é feito com a presidente, o que resta para os cidadãos comuns?”, questiona.
Ingovernabilidade
O deputado Juliano Roso, disse ontem que a paralisia do país não beneficia a ninguém. Segundo ele, nesse momento o PCdoB trabalha para que o país retome a normalidade institucional. Não pode uma presidente ser eleita legitimamente e ser impedida para governar. “A queda da Dilma interessa para quem? Michel Temer vai virar presidente e será a salvação do país? Eduardo Cunha vai resolver o nosso problema? Não é desta forma que se faz oposição. A oposição deve respeitar o resultado das urnas e esperar 2018”, disse.
Contraponto
Paralelo a esta análise que busca um olhar mais técnico e menos apaixonado, não há dúvidas de que o país precisa moralizar a gestão pública e não pode admitir a roubalheira que se instalou em estatais como a Petrobrás. Quem tem culpa no cartório, e seja ele quem for, deve responder aos rigores da lei, mas dentro do Estado de Direito.
Isenção
Analisando friamente o cenário turbulento, se os homens que se dizem públicos realmente estivessem pensando no bem da Nação, tentariam pelo diálogo uma forma de tirar o Brasil do buraco. Mas não é isso que estamos vendo. O jogo é: o quanto pior, melhor.