As armadilhas fotográficas, instaladas há um ano nos fragmentos de mata do Campus I da Universidade de Passo Fundo (UPF), possibilitaram a ampliação dos dados da fauna existentes no local. Além disso, os seis equipamentos permitem a visualização das espécies. O trabalho faz parte do levantamento técnico das áreas de uso da fauna da Fundação Universidade de Passo Fundo (FUPF), desenvolvido pelo Instituto de Ciências Biológicas (ICB).
As armadilhas registraram, inclusive, a presença de espécies mais raras de se detectar, como o gato-do-mato-pequeno (Leopardus Guttulus). Além dele, outras seis espécies foram fotografadas: gambá-de-orelha-branca (Didelphis Albiventris), tatu-galinha (Dasypus Novemcinctus), graxaim (Lycalopex Gymnocercus), veado-catingueiro (Mazama Gouazoubira), ratão-do-banhado (Myocastor Coypus) e oquati (Nasua Nasua). “Com esse método (armadilhas fotográficas) pode-se ampliar os dados tendo um registro mais concreto, sendo possível visualizar espécies que não foram relatadas nos métodos anteriores. Também é possível observar o comportamento do animal no meio ambiente, sem a interferência de fatores externos (presença de seres humanos, cheiros, barulhos, entre outros) que influenciam em seus atos”, destaca a professorado Laboratório de Herpetologia, bióloga Noeli Zanella.
Além das armadilhas fotográficas, são utilizados outros métodos para avaliar a fauna do Campus, como a procura visual, plots com iscas (armadilhas para pegadas de mamíferos) e encontros ocasionais. “Todas as espécies registradas nas armadilhas fotográficas também foram identificadas nos outros métodos, entretanto a utilização conjunta favoreceu o aumento de informações sobre a atividade dos mamíferos, como sazonalidade e reprodução”, observa Noeli.
Como funcionam as armadilhas fotográficas?
É uma máquina fotográfica inserida em uma caixa, normalmente camuflada, presa em árvores no interior da floresta. Possui um sensor infravermelho capaz de detectar movimento e/ou calor, que se ativa quando animais passam à sua frente. Registram à distância a presença de animais em atividade com a menor interferência humana possível.
Seu objetivo é produzir imagens de espécies, especialmente aquelas de difícil visualização pelos pesquisadores. É possível coletar, por exemplo, informações de quando os animais estão em atividade, durante o dia ou à noite, se estão acasalando, quando nascem os filhotes, entre outras ações.
A técnica é comumente utilizada para comparar populações em diferentes momentos, ou diferentes populações ao mesmo tempo, como é o caso de um estudo que está sendo feito atualmente na UPF. “É um método muito importante, pois não é invasivo, não promove qualquer tipo de interferência na atividade dos animais fotografados. Pode-se identificar o animal, por marcas únicas ou pela fase de vida como, por exemplo, se é um veado jovem adulto ou adulto pela tamanho/presença de ‘chifres’”, explica a professora do Laboratório de Ecologia, Carla Tedesco.
Diferentes espécies
O monitoramento da fauna no Campus I iniciou em 2012, para atender a questões legais e para iniciar um processo mais sistematizado de conservação das Áreas de Preservação Permanente (APPs). No relatório de fauna da FUPF estão apontadas e identificadas diversas espécies de anfíbios, répteis e mamíferos presentes no local.
O levantamento técnico conseguiu identificar, até o momento, a existência de dez espécies nativas e uma exótica de anfíbios,20 espécies de répteis (serpentes e lagartos) e 14 espécies de mamíferos, sendo destas 13 nativas e uma exótica. Quatro espécies encontradas na área figuram como ameaçadas de extinção: gato mourisco (Puma Yagouaroundi), gato-do-mato-pequeno (Leopardus Guttulus), quati (Nasua Nasua) e cutia (Dasyprocta Azarae).
Um ano de monitoramento por armadilhas fotográficas
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