OPINIÃO

Coluna Celestino Meneghini

Por
· 2 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Solidariedade extra

O momento exige a solidariedade extra de todos os brasileiros para contrapor tanta vilania no período recente de nossa história. Recompor as crenças reclama coragem cívica. Isso porque a devastação moral protagonizada por hordas instaladas no poder dilapidaram tudo, os partidos políticos e postos chave de governos disseminando desrespeito. Com isso se formou uma reação popular legítima. As redes do ódio, infelizmente, direcionaram comportamentos que dificultaram as ações mais objetivas que se esperava do sistema de apuração no combate ao crime espalhado. A sociedade civil, iniciativa privada, já contaminada, deteriorou demais os diferentes segmentos de fé pública. Além do avanço de corruptos e corruptores, constatamos correntes atentatórias nos serviços conduzidos por elites que pareciam confiáveis, como o escândalo das próteses, fraudes contra a previdência, merenda escolar, adulteração do leite e outros alimentos. O mais difícil, tanto para a maioria democrática como os que pregam a ditadura horrenda, é a realidade de que temos tudo a resolver com as lideranças que estão aí, e uma população atingida por perigosa desinformação.

 

Balde de água suja

Não adianta pintar de verde amarelo uma atitude que depende de transfusão de sangue para retomar os rumos do país. E não adianta pintar por fora, se não mexermos por dentro de nossa estrutura. A artimanha do PMDB, também comprometido com negócios escusos de considerável segmento partidário, deixando o poder central também não convence. Pior ainda quando o mais expressivo líder da manobra, ao lado do vice-presidente Michel Temer é nada menos que o presidente da Câmara Federal Eduardo Cunha. A retirada do PMDB do governo mostra o cinismo da indiferença perante as transformações que se fazem urgente. Visam o impedimento de Dilma em mero oportunismo! Isso pode significar apenas o balde de água suja em outro balde. Como advertiu Siro, “bonis nocet quisquis pepercerit malis” (quem poupa os maus prejudica os bons). É hora grave demais! Trocar seis por meia dúzia não leva a nada!

 

Troca de atitude

Uma simples troca de personagens no governo não significa solução alguma. Imaginem que surja um movimento “Fora Cunha” e “Fora Temer”, podendo tomar conta de todos os estados! Se aprovado o impeachment, isso pode ocorrer. E, olha, Cunha terá acusação direta de coisas escabrosas com dinheiro do povo, o que não existe em relação à presidente Dilma, a quem Cunha e Temer pretendem suceder.

 

O que melhorou

Considerando que sempre houve corrupção no país, podemos lembrar fatores que levaram à investigação e responsabilização de criminosos. O fortalecimento da PF, e as ações do MPF foram importantes. Na questão de legislação a recente lei anticorrupção foi fundamental. Pela primeira vez na história foram presos empresários de alto coturno. Os demais instrumentos como delação premiada e a leniência para pessoas jurídicas socorrem a investigação, mas permanecem sob certa obscuridade. É o que chamamos de mal necessário.

 

Voto direto

A sensação de termos o poder do voto direto era direito inadiável para os brasileiros sobreviventes da era da ditadura de 64, que hoje completa 52 anos. Foi período sofrido para a alma de nossa gente e péssimo para a economia. Mas é preciso lembrar que, antes de conquista do estado democrático de direito e a democracia política, lutamos muito. Lembro a decepção na votação da Emenda 221 para o voto direto. Foi um aprendizado doloroso. E continuará assim, a cada eleição.

 

O esquife ético

O povo contempla o quadro proceloso, verdadeiro terremoto de acusações que envolvem eminências do mundo partidário. Espera-se     atitude mínima da investigação policial e da justiça. Outra coisa é o comentário de interesse eleitoral, que pode ser danoso à apuração dos fatos normalmente crivados por exageros, mentiras, e até infâmias. Lamentavelmente alguns serão preservados e se rirão. Sobrará uma relação de imorais no desfile de esquifes éticos que rondam o poder. 

Gostou? Compartilhe