Quem utiliza o transporte público com frequência possivelmente já deve ter se deparado com a seguinte cena: o ônibus chega à parada, uma pessoa cadeirante espera para embarcar, mas o procedimento é cancelado porque o elevador está estragado. Se isso gera indignação para quem está dentro do veículo, é um problema ainda maior para quem precisa do transporte, mas não pode utilizá-lo por uma série de problemas. Em Passo Fundo, faltam ônibus adaptados, sobram problemas e desculpas e quem é prejudicado sempre é a parte mais frágil do processo, o usuário.
De acordo com Carlos Eduardo Borges Silva, da diretoria da Associação Cristã de Deficientes Físicos de Passo Fundo (ACD), problemas para utilizar o transporte público não são exceção, mas recorrentes. Ele destaca que as dificuldades não se dão somente pelos equipamentos estragados. Não cumprimento de itinerários e horários, o número reduzido de veículos adaptados e a falta capacitação dos cobradores e motoristas para operar o equipamento estão entre os problemas enfrentados diariamente pelos cadeirantes. “A lei não é cumprida porque todos os ônibus deveriam ser adaptados, mas não são”, ressalta.
Ele conta que em um ônibus específico por quatro vezes ele tentou embarcar em diferentes horários e foi informado de que o elevador estava com problema. Ele chegou a ligar para a empresa, mas foi informado de que não havia nenhum pedido de conserto. “Ficamos sem saber se realmente está com problema ou se o cobrador e o motoristaestão atrasados ou por outro motivo não querem pegar o cadeirante”, relata. Além disso, ele já chegou a cair de um elevador que havia passado por manutenção e já teve de ser desembarcado carregado pelas pessoas devido à falha no elevador.
Codepas
De acordo com o diretor-presidente da Codepas, Tadeu Karczewski, hoje, todos os quatro ônibus adaptados da empresa estão em circulação. Mas ele admite que problemas com esses veículos são rotineiros. “Os elevadores são pouco utilizados. Por isso, quando usam, invariavelmente, trancam”, explica. “É um veículo que dá problemas sempre, porque ele deveria ter três portas. Onde fica o elevador não deveria ser usado [pelo público em geral]”.
O problema deve ser corrigido com a renovação da frota, que está em processo de licitação, e terá todos adaptados. “Os próximos ônibus virão com elevadores mais modernos, com uma tecnologia mais simples, barata e funcional”, pontua. Não há ainda a previsão para aquisição dos novos veículos. Karczewski explica os atrasos. “Aumentou o fluxo de veículos na Avenida Brasil e na Presidente Vargas. Ocorre que se dá congestionamento nos horários de pico, geralmente o ônibus tem problema de atraso”.
Coleurb
A Coleurb informou que tem 40 dos 100 ônibus da frota adaptados e não tem recebido reclamações a respeito dos veículos. De acordo com o supervisor de trânsito da empresa, Ricardo Heinz, quando ocorrem, os problemas são pontuais. “Eventualmente pode ocorrer de um veículo estar em manutenção, mas sempre se procura substituir por outro adaptado”, afirma. “Sempre que recebermos uma reclamação, vamos fazer uma análise necessária para resolver a situação o mais rápido possível, para que o usuário não fique no prejuízo”.
O supervisor de trânsito alerta que, caso ocorra algum problema com o serviço, o usuário pode entrar em contato com a empresa pelos telefones 0800 510 4699 e (54) 3311-1322.