Criado pela Associação Nacional de Equoterapia (ANDE-Brasil), o termo equoterapia caracteriza todas as práticas que envolvem o cavalo para a terapia, desde técnicas de equitação até outras atividades equestres, que objetivam a reabilitação ou a educação de pessoas com deficiência ou necessidades especiais. Nesse sentido, a Universidade de Passo Fundo (UPF) desenvolve o projeto “Educação inclusiva equoterapêutica”, que visa disponibilizar recursos terapêuticos e pedagógicos para potencializar a qualidade de vida de pessoas com deficiência ou em situação de vulnerabilidade social.
O projeto, vinculado à Vice-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (VREAC) e à Faculdade de Educação Física e Fisioterapia (Feff), tem como parceiras várias entidades, tais como a Prefeitura de Passo Fundo, o Grupo Cultural e Tradicionalista Cavaleiros do Planalto Médio, a Brigada Militar e o Centro de Atendimento Socioeducativo (Case). O projeto, de caráter interdisciplinar, envolve também o trabalho conjunto de acadêmicos dos cursos de Enfermagem, Educação Física, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina Veterinária, Psicologia e Serviço Social, além da efetiva colaboração da psicóloga Juliana Franciosi Schmitt e da fisioterapeuta Juliana Secchi.
Projeto engloba várias patologias
O trabalho é realizado em ambientes de contornos pedagógicos e lúdicos, como as dependências da Feff e da Fazenda da Brigada Militar. Nos locais, os acadêmicos participantes do projeto, sob a supervisão de profissionais, atendem, em espaços como as ilhas de fonoaudiologia e de psicomotricidade, diversas patologias, dentre elas as relacionadas a crianças, adolescentes e adultos com atraso global do desenvolvimento; atraso motor, hidrocefalia; má formação cerebelar; paralisia cerebral; Síndrome de Down; Síndrome de West; Transtorno do Espectro Autista e trauma neurológico.
Tais pacientes chegam ao projeto junto com seus pais ou responsáveis, a partir da indicação de médicos e fisioterapeutas que conhecem e recomendam o trabalho como uma terapia alternativa e eficaz. Após o primeiro contato, uma ficha para cadastro na fila de espera é preenchida, e, assim que uma vaga é aberta, avaliações psicológicas e fisioterápicas são agendadas e, posteriormente, o atendimento é iniciado.
Na primeira sessão, acontece uma ambientação com o paciente, na qual ele pode explorar o espaço físico, se aproximar, fazer carinho e montar um pouco no cavalo, a fim de que possa conhecer o ambiente e o terapeuta. De acordo com o coordenador geral, professor Paulo Cezar Mello, essa ação inicial permite observar o comportamento de quem recebe o atendimento, para que, nos próximos encontros, a terapia seja feita da forma mais agradável e produtiva.
Benefícios
Com o auxílio do cavalo, os estudantes utilizam uma montaria individual ou em dupla, numa interação com os demais alunos e agentes educativos, e permitem que, por meio do encontro entre os semelhantes e diferentes, aconteça a vivência de novas experiências. Já os praticantes da equoterapia têm a possibilidade de viver novas situações, ricas em desafios que visam desenvolver e aprimorar suas potencialidades, como, por exemplo, o aumento da capacidade neuropsicomotora como coordenação, ritmo, equilíbrio, postura, e o desenvolvimento da tolerância à frustração, autoconfiança, autonomia e sociabilidade.
Expressivo número de atendimentos
Em 2015, a equipe do Projeto contou com a participação de 129 estagiários voluntários de diferentes áreas de saúde, que realizaram 430 atendimentos com cerca de trinta pacientes. Para Mello, esse número representa uma conquista dos colaboradores, e um sonho de superá-lo a cada semestre.
Ainda, segundo o professor, a importância de desenvolver um projeto sobre educação inclusiva equoterapêutica com a comunidade recai na conscientização a respeito de uma terapia que abrange todos os aspectos da vida da pessoa com necessidades especiais: física, psíquica e social. “A atividade oportuniza também que essas pessoas colaborem com o projeto, tornando-o cada vez melhor, e que os alunos interajam com os familiares e os pacientes, constatando, através de dinâmicas, quais são as suas dificuldades e conquistas. Percebemos, juntamente com a família de cada paciente, que o projeto contribui com a melhora da qualidade de vida de todos”, comemora.
Informações
Interessados no projeto podem entrar em contato pelos e-mails [email protected] ou [email protected], além do telefone (54) 3316-8433, nas segundas e quartas-feiras pela manhã, na Feff. A equipe irá agendar um encontro para que se possa fazer uma avaliação médica inicial, juntamente com uma avaliação psicológica e fisioterápica do paciente, para, então, realizar o preenchimento da ficha de cadastro.