OPINIÃO

O impacto dos distúrbios de voz na qualidade de vida do professor

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No dia 16 de abril comemora-se o Dia Mundial da Voz. E o professor é o profissional que melhor representa a categoria de todos os trabalhadores que utilizam a voz como instrumento de trabalho.
As relações interpessoais e a qualidade em comunicar-se são relevantes para a qualidade de vida, assim, a voz constitui-se como um aspecto importante no que diz respeito à promoção da saúde. Alterações de saúde do professor aparecem relacionadas às suas condições de trabalho, como questões emocionais, esgotamento mental e estresse, doenças do trato respiratório, dor de garganta, faringite, laringite, rouquidão e disfonia. Os sintomas de fadiga vocal, cansaço, diminuição da intensidade da voz, podem configurar um quadro de rouquidão até um quadro mais complexo de afonia (ausência de voz).
É primordial considerar a existência de diversos fatores ocupacionais que podem prejudicar a voz e a saúde geral dos docentes, desde questões ambientais como a localização geográfica da escola, arquitetura e materiais empregados na sua conservação, até questões laborais como características da organização do trabalho que lá se estabelecem. A interação de fatores hereditários, comportamentais, estilo de vida e ocupacionais, podem resultar em alterações vocais.
Usar a voz excessivamente é fator preponderante de trauma nas pregas vocais da laringe. Os sintomas mais frequentes são: cansaço ao falar, rouquidão, garganta/boca seca, esforço ao falar, falhas na voz, perda de voz, pigarro, instabilidade ou tremor na voz, ardor na garganta/dor ao falar, voz mais grossa, falta de volume e projeção vocal, perda na eficiência vocal, pouca resistência ao falar, dor ou tensão cervical. Os fatores de risco para um distúrbio de voz relacionam-se com questões organizacionais do trabalho, como jornada de trabalho prolongada, acúmulo de atividades e funções, demanda vocal excessiva, insatisfação com o trabalho ou remuneração, entre outras.
O professor disfônico apresenta, além de uma série de sinais e sintomas relacionados ao próprio quadro de disfonia, importantes limitações no desempenho do seu trabalho, podendo apresentar como consequências a redução de atividades e perda de dias de trabalho, dificuldades de comunicação e na vida social, problemas emocionais, dentre outros. Atenta-se ainda para a não aceitação do absenteísmo relacionado à disfonia por parte dos gestores públicos da educação e dos profissionais da saúde, sendo que tais queixas acabam sendo interpretadas, muitas vezes, como motivos de “fuga da sala de aula” ou simulações. Por não ser uma alteração visível, mas, sim, audível, o afastamento do trabalho, por alteração na voz, ainda gera muita polêmica.
As frequentes alterações de voz provocam a necessidade de modificar o planejamento de aula; ou ainda obriga o professor a procurar outras estratégias que não utilizem tanto a voz, e até mesmo, deixar de passar conteúdos novos que exijam grande demanda vocal.
Nesse contexto, a pressão sonora acima dos níveis de conforto configura outro fator ambiental de risco para distúrbios na voz; e as escolas em geral, são ambientes muito ruidosos. As alterações vocais podem resultar em situações que envolvem aspectos subjetivos, como emoções e sentimentos negativos dos sujeitos em relação à própria voz.
A qualidade de vida é uma dimensão fundamental para analisar a disfonia no trabalho docente, além de indicar que as condições de trabalho, muitas vezes, estão associadas a uma qualidade de vida ruim, onde os distúrbios de voz contribuem para isso. Logo, o docente necessita ter conhecimento sobre o correto uso da sua voz, assim como, maior amparo e compreensão por parte da organização onde trabalha.

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