s dois primeiros óbitos do ano por Influenza A (H1N1) no Rio Grande do Sul deixaram em alerta os órgãos de saúde estaduais, regionais e municipais. Os casos, confirmados na semana passada, são de Porto Alegre, com idades de 7 e 35 anos, do sexo masculino. Ao todo, já são sete pessoas confirmadas com a doença no Estado, localizadas na capital, Viamão e Canoas. Uma das medidas tomadas pela Secretaria da Saúde (SES) foi a antecipação do início da campanha de vacinação para o dia 25 de abril, prevista para começar no dia 30.
A confirmação do adiantamento, feita nesta segunda-feira (4) em coletiva de imprensa pelo secretário João Gabbardo dos Reis, antecipou a preparação da secretaria de Saúde de Passo Fundo. Segundo o secretário, Luiz Artur Rosa Filho, nos próximos dias começarão a ser feitas as reuniões de organização para o início da campanha. “A expectativa é que no dia 25 nós estejamos com todas as nossas salas equipadas e prontas para a imunização. Se a gente conseguir imunizar um bom número de pessoas nessa largada da campanha, no início de maio já estaremos com a cidade bem mais protegida da possibilidade de epidemia”. A expectativa é que o Estado receba cerca de 50% das doses previstas até o dia 15 deste mês. Assim, teria tempo hábil para distribuir as vacinas para todos os municípios e começar a campanha no dia 25. No Rio Grande do Sul, são mais de 3,5 milhões de pessoas dentro dos grupos prioritários para os quais a vacina é destinada. Em Passo Fundo, são cerca de 60 mil pessoas.
Epidemia
Todos os esforços estão voltados para evitar a possibilidade de uma epidemia. Para Luiz Artur, os casos em Porto Alegre são isolados, o que também deve acontecer em Passo Fundo. No entanto, ele não acredita que acontecerá um surto na cidade. “Trabalhamos sempre na perspectiva de casos, não de epidemia. A preocupação é sempre não ter uma nova epidemia como aconteceu em 2009”. Em 2009, a gripe chegou no Brasil em abril e, em agosto, já contabilizava quase 600 mortes. O estado do Rio Grande do Sul foi duramente atingido no inverno daquele ano, com registro de 3.585 casos confirmados da doença e 298 óbitos. A primeira morte da doença no país aconteceu em junho e foi registrada em Passo Fundo.
Segundo o coordenador regional de saúde, Douglas Kurtz, a coordenadoria já vem se preocupando desde que houve os casos em São Paulo e Santa Catarina. “Nós já vínhamos mantendo o alerta. Agora, com esses casos na Região Metropolitana, redobramos os cuidados. A gente tem mantido contato permanente com os municípios e os hospitais para que possamos ter um controle bem eficaz”, explica. Os casos, que eram esperados apenas para o início do inverno, em junho, ligaram o alerta na entidade.
Portadores de comorbidades
Devem receber a vacina pessoas com doenças respiratórias, cardíacas, com imunodeficiência, entre outras que tenham recomendação médica para isso. Mantém-se a necessidade de prescrição médica especificando o motivo da indicação da vacina. Pacientes atendidos na rede privada ou conveniada também devem buscar a prescrição médica com antecedência e apresentá-la nos postos de vacinação.
Vacinação, prevenção e tratamento
Ao lado da vacinação, o tratamento e a prevenção são os eixos que compõem o tripé do enfrentamento à influenza. A chamada etiqueta da gripe é uma medida simples, porém importante, para evitar a disseminação da doença. Entre os cuidados que se destacam, está a proteção da boca e nariz ao tossir e espirrar, cobrindo-os preferencialmente com a dobra do cotovelo, evitando o uso das mãos. Também ressalta-se a importância de lavar as mãos com frequência, com água e sabão ou utilizando álcool em gel, assim como evitar locais com aglomeração de pessoas (escola, transporte público, centros comerciais, entre outros) se estiver com os sintomas.
Para o tratamento em tempo oportuno, a recomendação é de que ao sinal de febre, dor de garganta e dor de cabeça, nas articulações, ou muscular, a pessoa procure atendimento médico. O antiviral Oseltamivir, de nome comercial Tamiflu, está disponível em todo o estado gratuitamente, e o seu uso no início dos primeiros sintomas da gripe é fundamental para impedir o agravamento dos casos. A recomendação de Luiz Artur é, ao primeiro sinal da doença, procurar o posto de saúde mais próximo. As emergências dos hospitais devem ser evitadas. “Os sintomas da gripe exigem procura imediata aos serviços de saúde. A melhor prevenção que existe são os cuidados de higiene. O que as pessoas precisam fazer, agora, é lavar frequentemente as mãos e tomar a vacina. Essas são as ações do momento”.
Vigilância
A vigilância da Influenza no Estado é realizada por meio de notificação e investigação de casos de internações hospitalares por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), caracterizada por dificuldade respiratória associada ao aparecimento súbito de febre, cefaleia, dores musculares (mialgia), tosse, dor de garganta e fadiga. Até o momento, foram 186 casos notificados, com sete confirmados para Influenza A (H1N1). Não houve até o momento casos de Influenza A (H3N2) e Influenza B.
O secretário Gabbardo adiantou que uma das decisões imediatas é a criação de um comitê de monitoramento da gripe. "Ao mesmo modo do que fizemos com o enfrentamento à dengue, chikungunya e zika, vamos reunir os gestores do Estado e dos municípios com outras entidades, para que as decisões não sejam exclusivas de um único gestor", comentou.
Parceria com o Cremers
A SES terá neste ano a parceria do Conselho Regional de Medicina (Cremers) no enfrentamento à gripe. A começar pela campanha de vacinação, que conta com o apoio da classe médica, e ações direcionadas à prevenção e ao tratamento. O presidente da entidade, Rogério Aguiar, lembrou que o papel do conselho é "colaborar com a saúde no geral, contribuindo com a divulgação de informações para a população e aos médicos". Aos profissionais, ele reforçou que serão orientadas as medidas preconizadas nos protocolos. "Quanto mais cedo iniciar o tratamento, mais certo é o sucesso. Por isso os médicos devem estar atentos aos sintomas", disse.