Aparelho de celular é usado para auxiliar na avaliação e na manutenção de pontes

Pesquisa é desenvolvida na UPF por alunos e professores do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e Ambiental

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O Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Passo Fundo (PPGEng/UPF) tem como área de concentração a infraestrutura e o meio ambiente. Para atingir esse foco, um grupo de pesquisa denominado “Estruturas da infraestrutura” está desenvolvendo uma metodologia que utiliza a telefonia móvel para o monitoramento de pontes, viadutos e grandes estruturas. A ideia surgiu da necessidade de se avaliar as condições das pontes e o alto custo dos equipamentos para realizar essa atividade.

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estipula algumas regras para a avaliação de pontes, mas, de acordo com o professor Dr. Zacarias Chamberlain Pravia, um dos líderes do projeto, elas são voltadas para visualização e dependem, em sua essência, da experiência do engenheiro que está observando a obra. No Rio Grande do Sul, segundo dados do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), existem poucos especialistas capacitados para a tarefa.

Esses fatos motivaram o desenvolvimento do projeto. “Se você for medir a importância dessas estruturas, percebe o quanto a manutenção dela se faz necessária, uma vez que, se uma ponte falha, o sistema de logística da cidade, do estado e do país podem entrar em colapso de desabastecimento e perdas econômicas importantes. Então, a partir disso, a ideia é não somente dependermos da avaliação visual para decidir a manutenção e a intervenção nas estruturas, mas depender de medidas quantitativas reais”, esclarece.

Segundo o professor Zacarias, os sistemas utilizados para medir a qualidade das pontes têm o custo muito elevado e metodologias alternativas podem ter a mesma qualidade de resultados. “Foi pensando nisso que tivemos a ideia de fazer essa dissertação usando como instrumento o celular, que hoje vem com acelerômetros excelentes, com precisão de 0,001 m/s² (aceleração). São quase acelerômetros profissionais. A ideia é aproveita-los para obter uma assinatura digital, que será arquivada para que sirva como referência nas avaliações a serem medidas durante a vida útil daquela ponte”, explica. 

Com celulares de média qualidade, foram medidos dois viadutos em Passo Fundo. O Daer repassou algumas informações e também as plantas dos projetos, possibilitando medir, com métodos numéricos por elementos finitos e com ensaios adicionais.

Publicações e continuidade da pesquisa

Por ser uma pesquisa inovadora, o primeiro artigo já foi aceito em uma revista reconhecida no cenário nacional. Para o professor, agora é momento de avançar e o grupo pretende desenvolver um software para celulares, além de promover a capacitação de equipes para a utilização da metodologia. “Queremos seguir, partindo para o uso de quatro celulares para medir, buscando o desenvolvimento desse software capaz de sincronizar todos os dados. Uma segunda parte, que integra outro trabalho, está usando o sistema para medir vibrações em passarelas”, ressalta.

Uma nova fase está sendo pensada e contará com a ajuda de drones para a observação das pontes. Em um futuro não muito distante, o professor Zacarias espera que esses equipamentos possam levar os celulares até as estruturas, realizando a medição e voltando com os dados de visualização e medições de aceleração, permitindo com softwares interpretar as imagens e os possíveis defeitos nas pontes, viadutos e grandes estruturas.

Nos próximos meses, o grupo irá apresentar os resultados em maio no IX Congresso Brasileiro de Pontes e Grandes Estruturas no Rio de Janeiro, e na Jornada Sul-Americana de Engenharia Estrutural, em outubro, em Assunção, no Paraguai.

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