Em outubro de 2014, logo que foi confirmada sua vitória sobre o rival Aécio Neves por pouco mais de 3 milhões de votos, Dilma disse o seguinte no discurso da vitória: “Essa presidente está disposta ao diálogo, e esse é meu primeiro compromisso no segundo mandato: o diálogo. […] O calor liberado no fragor da disputa pode e deve agora ser transformado em energia construtiva de um novo momento no Brasil.” O que de fato aconteceu daquele momento até aqui? A energia virou vapor.
Em dezembro de 2014, ao receber no Tribunal Superior Eleitoral o diploma de presidente reeleita, Dilma soou específica: “Chegou a hora de firmarmos um grande pacto nacional contra a corrupção, envolvendo todos os setores da sociedade e todas as esferas de governo.” Ela avisou: “Vou convidar todos os Poderes da República e todas as forças vivas da sociedade para elaborarmos, juntos, uma série de medidas e compromissos duradouros.” E o que aconteceu? Dilma chama os opositores de “golpistas” e reclama dos “vazamentos seletivos” dos diques rompidos pela Lava Jato.
Na semana derradeira em que estamos, parece que nos encontramos no final do labirinto. Labirinto esse que não tem portas, janelas, corredores, frestas, nenhum espaço em que é permitido o ingresso da luz, de vozes e de paz, o que move o Brasil no campo da política é o ditado popular “matar ou morrer”.
O ambiente político e econômico no Brasil encontra-se carregado, a economia travada, o povo anda triste, angustiado, pois faltam lideranças e criatividade, falta autocritica e falta uma agenda para o Brasil. Sobram o excesso de conflito e a esperança de que Operação Lava Jato não será contida.
Causa calafrios em um momento de estrangulamento político, quando a voz do Deputado Federal Paulo Maluf é algodão em cristais, dizendo “estou fora do mensalão, fora do petrolão, fora da Lava Jato, não estou no Panamá Papers e votei a favor do impeachment”. Agora, saí da lista vermelha da Interpol. Só falta o papa Francisco me canonizar''.
Ultrapassa qualquer princípio de razoabilidade, imaginar que na era petista, Fernando Collor o primeiro presidente a sofrer o impeachment que foi estraçalhado por Lula, Zé Dirceu e cia..., pudesse fazer pose de ético ao lado de Dilma, presidente eleita pelo PT. O que tem nos guiado nos últimos anos é o imponderável.
De acordo com os Professores Carlos Melo e Milton Seligman do INSPER, “não há capacidade política para construir o entendimento: pelo contrário, as principais figuras da República deixam-se levar por interesses pessoais e se quedam vítimas da própria miopia; escorregam na retórica, agravam a situação e aprofundam o dissenso”.
Parece-me que a única certeza que temos e um longo período de transição. Transição essa que levará tempo, onde as regras institucionais deverão prevalecer, os canais de diálogos necessitam serem desobstruídos, os partidos políticos refundados e seus quadros políticos renovados, a sociedade mais atuante ora criticando, ora aplaudindo, a busca da renovação do congresso nacional e o respeito ao ser humano irão compor um caminho de menos insegurança e somente assim será possível encontrar uma saída para o labirinto no qual nos encontramos.
A certeza é a de que a frase “eu não sabia” passará à história como a frase-lema do Brasil pós-ditadura. Será lembrada quando, no futuro, quiserem recordar a época em que o país era regido pela propaganda midiática. Nem Dilma, PT e Lula, nem Temer, PMDB, Cunha e Renan, poderão dizer a partir do dia 17 de abril a frase “eu não sabia”. O Brasil quer respostas, o Brasil e o povo brasileiro precisam de uma nova agenda. A hora de verdade chegou.
Adriano José da Silva
Professor Coordenador da Escola de Administração da IMED
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