A aprovação do impeachment de Dilma é o desejo onírico dos eleitores que se sentiram profundamente agastados com a derrota eleitoral do último pleito presidencial. Um segmento considerável de cidadãos jamais admitiu que um brasileiro operário ascendesse o átrio presidencial. A eleição de Lula foi a pior afronta ao status dominante de uma elite alheia ao pensamento social com raízes profundas nas conquistas igualitárias a partir dos movimentos abolicionistas. A primeira dor das oligarquias foi sentida nos engenhos, nos cafezais ou nas grandes fazendas, de norte a sul do país de uma sociedade de poder centralizado em minorias hereditárias. Foi muito lenta e indelevelmente arbitrária a admissibilidade dos ventos libertários, ainda hoje vistos como afronta ao pensamento patrimonialista. Os abusos de poder, com fins econômicos travaram o desenvolvimento do país. O organograma das capitanias no Brasil não se desmobilizou na vontade e na ostentação estendendo a desconsideração civilizatória dos escravos negros a índios, aos pobres da zona rural e das periferias, brancos ou negros.
Crescimento assusta
Antes de eclodir o cenário deplorável da desonestidade praticada por gestores públicos no governo do PT, alguns ensaios óbvios ou singelos na abertura de espaço libertário para a grande nação dos oprimidos assombrou conservadores. Assim, falando em redistribuição de terras, ampliação de vagas nas faculdades públicas, cotas raciais, reconhecimento étnico dos quilombos e o Bolsa Família, tais medidas suscitaram insegurança das castas protegidas na espoliação. Iniciou-se um revide implacável a todos os pactos de cunho libertário. E não faltaram deduções idiotas como a propagada afirmação de que o Bolsa Família, no combate à fome, “é pra sustentar vagabundo”. Esta onda nazi-fascista perdura perfidamente no cotidiano.
Continua
Não pensem que as maquiagens de ternura aparente, carros de luxo, ou cães mimados, signifiquem para quem nega fraternidade, o respeito ao ser humano. O problema é que este pensamento discriminatório é muito maior que a distinção de cor da pele. O desejo ínsito de crescer é demonizado por quem não admite o direito dos marginalizados a uma vida melhor. Alguns diziam que as cotas raciais nas universidades diminuiriam o padrão do saber formal. Nem imaginam quanta podridão perdura nos acessos à universidade, que a polícia já mostrou, com o comprometimento de elites. Ao contrário, a oportunidade antes negada aos menos favorecidos, revela pessoas inteligentes e aptas e ajudar este país.
Democracia
Não estamos relutando frente ao processo de impeachment da presidente Dilma que será definido pelo Senado. Os erros políticos e de gestão do PT (e PMDB) foram pesados demais. O que perturba o a concepção de decência, além do perigo de impunidade de redutos mais perversos, é a oportunismo moralista de fascismo. As manifestações de Bolsonaro, por exemplo, verdadeira apologia ao assassinato, tecendo loas a um torturador, como Carlos Alberto Brilhante Ustra, já falecido. Até a Ordem dos Advogados do Brasil ajuizou ação para punir o deputado tresloucado. Sim, neste momento difícil da nação, é demais a apologia ao crime contra a humanidade. E, na mesma gravidade, caminha a onda despudorada de deputados ineptos que exclamando o nome de Deus, da família, no lugar de analisar o mérito do impeachment. E mais, pessoas tidas como sensatas aceitam flacidamente a liderança de Eduardo Cunha como magistrado salvador. E não são poucos que assim pensam!
Retoques:
* Preservada a democracia, com ou sem golpe, parece inexorável a aprovação do impeachment de Dilma. É um resultado da representação parlamentar que temos.
* Quanto a Cunha, que tem muitos seguidores, teme-se perigoso perdão. E aí teremos em nome do mal necessário, o perigo de enorme injustiça.
* Precisamos registrar o trabalho de vacinação contra a gripe, iniciada dia 15. Prefeito Luciano, a equipe da Secretaria da Saúde deu bom exemplo de respeito à população. A multidão recebeu atenção, eficiência e respeito.