OPINIÃO

Amnésia

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Na abertura da copa do mundo no jogo entre Brasil e Croácia, as vaias da torcida contra a Presidente do Brasil despertaram várias análises de todos os setores políticos e sociais do país. O ex-Ministro da Secretaria Geral da Presidência da República Gilberto Carvalho afirmou para diversos órgãos de imprensa que as vaias não partiram somente da “elite branca”. “A coisa desceu. Isso que foi gotejando, de água mole em pedra dura, esse cacete diário de que inventamos a corrupção, de que nós aparelhamos o Estado brasileiro, de que somos um bando de aventureiros que veio aqui para se locupletar, essa história pegou. Na elite, na classe média, e vai gotejando, vai descendo. Porque não demos o combate, não conseguimos fazer o contraponto.”
Segundo ele, a avaliação de que a gestão petista é corrupta “pegou”, percepção que, partindo das classes alta e média, vem “gotejando” no setor mais pobre da população. “Me permitam, pessoal, no Itaquerão não tinha só elite branca não. Não fui pro jogo, mas estive no Itaquerão, ao lado, numa escola acompanhando as movimentações, fui e voltei de metrô. Não tinha só elite no metrô. Tinha muito moleque gritando palavrão dentro do metrô que não tinha nada a ver com elite branca”, afirmou Carvalho durante encontro com ativistas e blogueiros de esquerda no Palácio do Planalto.
No reencontro com a democracia o voto direto, secreto e universal elegeu em 1989 Fernando Collor de Mello o caçador de marajás, que tinha como bandeira o fim da corrupção e a caça aos altos salários. Acabou sendo caçado por meio de um impeachment, acusado de caixa dois, o crime a compra de um fiat elba com sobras de campanha.
O tempo passou, Itamar, assumiu, criou e implantou o plano real, elegeu seu Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso Presidente do Brasil. O Plano Real derrubou as taxas de inflação para dois dígitos, a inflação foi controlada, o real se consolidou e ao final de seu segundo mandato um apagão derrubou sua popularidade e um repique da inflação em 12%, contribuiu em muito para a eleição de Lula em 2002.
Para pavimentar o caminho da sua primeira eleição o Partido dos Trabalhadores, divulgou uma carta intitulada “Carta ao povo brasileiro”, assinada pelo seu maior líder Lula, onde o mesmo assumiu vários compromissos. No que se referia ao ataque especulativo da época Lula afirmava que “a parte manobras puramente especulativas, que sem dúvida existem, o que há é uma forte preocupação do mercado financeiro com o mau desempenho da economia e com sua fragilidade atual, gerando temores relativos à capacidade de o país administrar sua dívida interna e externa.”
Continuado o mesmo afirmava “tratar-se de uma crise de confiança na situação econômica do país, cuja responsabilidade primeira é do atual governo. Por mais que o governo insista, o nervosismo dos mercados e a especulação dos últimos dias não nascem das eleições. Nascem, sim, da graves vulnerabilidades estruturais da economia apresentadas pelo governo, de modo totalitário, como o único caminho possível para o Brasil. O que importa é que ela precisa ser evitada, pois causará sofrimento irreparável para a maioria da população. Para evitá-la, é preciso compreender que a margem de manobra da política econômica no curto prazo é pequena.”
O Governo FHC teve um apagão energético, mas não político. O Governo Lula, teve um apagão moral, porque se esqueceu da sua trajetória e abraçou o que tinha de pior na política brasileira. No Governo Dilma os apagões energéticos foram controlados, o apagão político incontestável. A Presidente Dilma, teve um lapso de recuperação de memória, ao achar estranho ser julgada pelo Congresso Nacional, formado por políticos acusados de corrupção. Dilma parece sofrer de amnésia, até poucos dias atrás, os políticos corruptos ocupavam seu ministério, tinham acesso aos cofres do tesouro e eram grandes líderes que sustentavam seu governo. Agora são corruptos.

Adriano José da Silva
Professor Coordenador da Escola de Administração da IMED

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