O mundo que saiu da crise de 2009 foi um de preço de commodities elevadas e crescentes e, de preços de produtos manufaturados em queda. Como o Brasil é um grande exportador de commodities e grande importador de manufaturados nós fomos beneficiados: cada US$ 1 exportado elo Brasil passou a comprar 30% a mais de importações. Para o economista Ricardo Amorim, não há taxa de câmbio que corrija o fato que o Brasil há décadas exporta um par de sapatos (ou tênis) por volta de US$ 10. Isso é diferente de um par de sapatos de US$ 400. Uma taxa de câmbio de R$ 3,80 vai ajudar muito, mas não levará a um novo boom de crescimento industrial e de exportações.
Com a desvalorização do Real, sem dúvida a indústria brasileira vai se tornar mais competitiva, mas talvez não tenhamos o crescimento das exportações que muitos esperam. O que poderá recuperar o saldo positivo da balança comercial é a redução das importações por meio da desvalorização do real e do aumento do Imposto de Operações Financeiras (IOF).
O governo brasileiro, liderado pela presidente Dilma, é o grande responsável pela crise econômica brasileira. A crise internacional afetou a economia brasileira, a escolha ideológica da China como principal parceira brasileira teve seu acerto, agora é a vez de pagar a fatura. Culpar a oposição, Eduardo Cunha, Renan Calheiros, Michel Temer, Aécio Neves faz parte do jogo político e da estratégia de se defender. Mas todas as estratégias da oposição somente funcionaram porque Dilma cometeu graves erros econômicos e impulsionando o caos econômico gerou a implosão de sua base e o consequente processo de impeachment.
Segundo o procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) Júlio Marcelo de Oliveira que esteve na comissão especial do Senado Federal que estuda a admissibilidade do impeachment, acusou a presidente Dilma Rousseff de fazer "contabilidade destrutiva e fraude fiscal". Segundo o raciocínio do procurador, os créditos suplementares e as pedaladas se combinam: um para deixar o orçamento mais livre e outro para conseguir a verba necessária para executar os gastos. Ele acusou o governo de fraudar o decreto de contingenciamento ao ignorar dados oficiais que mostravam que a meta fiscal não poderia ser cumprida, e, em seguida, desviar dinheiro que deveria ser pago aos bancos públicos. O objetivo seria a reeleição da presidente Dilma.
Para o promotor, com o objetivo de "manter o gasto público elevado, o governo fraudou o decreto de contingenciamento. E recursos, que deveriam ter ido para os bancos públicos, foram utilizados para pagar outras despesas do governo. Há uma maquiagem fiscal para fazer um gasto público em ano eleitoral, obviamente com o intuito de vencer as eleições". Faltou responsabilidade a Presidente Dilma, que anunciou no dia do trabalhador um pacote de bondades para acalmar a classe média e sua base social: anunciou à correção em 5% à tabela do Imposto de Renda das Pessoas Físicas que está, de fato, com o valor defasado; anunciou também um reajuste médio de 9% no programa bolsa família. Demorou cinco anos para fazer e quando fez, fez no pior momento do país e no seu particular inferno astral. Fez agora o anúncio por puro oportunismo político.
A autocrítica é a capacidade interna das pessoas em fazerem uma crítica de si mesmo. Enquanto não fizerem uma análise dos seus atos, atitudes, dos erros cometidos e sobre como poderão reconstruir um novo caminho político com novas bandeiras e atitudes, a presidente Dilma, o ex-presidente Lula e o PT só vão piorar a imagem perante a sociedade como um todo, caminhando para o isolamento político. Para o jornalista Kennedy Alencar “não dá para terceirizar a responsabilidade pela crise econômica ou pelos erros políticos do governo. Não dá para o PT achar que não tem responsabilidade pelo desastre econômico do governo Dilma”.
Insistir nesse caminho só vai arrastar ainda mais Lula, o PT e uma parte da esquerda para o fundo do poço onde Dilma se encontra. Parece que a presidente só é capaz de cavar mais fundo e piorar as coisas. Faltou responsabilidade e capacidade de autocritica para Dilma, Lula e o PT. O Brasil, seu povo, os empreendedores, a educação, a segurança e a saúde merecem mais.
Adriano José da Silva
Professor Coordenador da IMED Business School
