O Brasil nunca foi tão infeliz como nos 300 anos de escravidão. Quando falamos sobre a tragédia que transpassou o coração dos séculos no Brasil não pensamos apenas em lembrar a dor do mais hediondo dos crimes de estado, de sociedade e de família na senda horrenda da escravidão. Genocídio étnico, moral e econômico. Neste dia 13 de maio lembramos a história escrita pelo poder da violência, com a assinatura da Abolição da Escravatura. Mas a luta foi muito longa. Punha-se, no entanto, o fim à autorização legal para que os afortunados lucrassem com o trabalho e opressão psíquica de homens e mulheres trazidos da África. Sem a hipocrisia reducionista, nosso passado de pátria varonil é coberto de covardia. Sim, belas mulheres africanas e lépidos guerreiros foram arrancados de suas tendas, incluindo-se príncipes e princesas das plagas das matas e areias. Tudo para satisfazer a opulência de uma geração lusitana, que se apressou em sugar as forças, as vidas, o trabalho de gente nobre na liberdade, para acumular riquezas. Muitas fortunas nunca passaram de “productum sceleris (fruto do crime). Além disso, em muitos casos, devotando-lhes o ódio e prepotência. Os tempos eram outros, direis, mas o continente se impregnou de injustiça, tirando a liberdade dos escravos. Liberdade, nem pra morrer, declarou o poeta. Desculpem os leitores, mas não é rememorar chagas e sim alertar para o perigo que é o ser humano no poder.
Sangue no quilombo
Em meio a tanta crueldade, veio a luta sangrenta nas senzalas, nas matas, e nos redutos de resistência. Escravos que se evadiam em busca de liberdade formaram os quilombos. Foram muitos como o Quilombo dos Palmares na Serra da Barriga (1630-1650), entre Pernambuco e Alagoas. Só lhes servia lugares de pouco acesso, íngremes escarpas, para sobreviverem e formarem o exército negro. Tornaram aquilo pedaços de terra em produção, com espantosa bravura. Mas o poder oficial não poupou o líder Zumbi dos Palmares, degolado em 20 de Novembro de 1694. Domingos Jorge Velho, com o exército da corte massacrou todos os redutos libertários. Jorrou o sangue de milhares de guerreiros escravos (negros e índios). Por isso a data de 20 de novembro é celebrada como o dia da Consciência Negra.
O dinheiro
Este registro de nossa história, na mais sangrenta luta pelo ideal da liberdade, não foi suficiente nem mesmo na Independência do Brasil, último país da América a abolir a escravidão. Os privilegiados dos engenhos e fazendas sabiam do crime dantesco, mas preferiam o trabalho escravo que lhes dava dinheiro. Mesmo sem escravatura oficial, alguns cultivam a mesma mentalidade patrimonialista, ainda hoje. A falta de amor ao semelhante faz preferir o dinheiro antes de tudo, também hoje!
Ódio moderno
A ojeriza pelos pobres, desvalidos, sem teto, sem terra, sem pão, é o entojo de uma elite que modernizou o ódio. Felizmente as coisas estão mudando!
Sol da liberdade
As recomendações revolucionárias do estado democrático de direito e justiça social são perceptíveis. A escola gratuita de educação em turno integral, programas de alimentação, normas sérias de preservação ambiental e combate ao racismo, são suportes de liberdade. Um Brasil será livre se disponibilizar estrutura de acessos cooperativos e inclusivos. Estas são as lutas que farão brilhar o sol da liberdade, num conceito mínimo de igualdade. E esta luz fará crescer a percepção de que a valorização de todos os segmentos e raças (matizes) fará o somatório de verdadeiro desenvolvimento.
Gênio do mal
Sem incidir em maniqueísmo, é melhor sabermos que José Eduardo Cunha tem poder para fazer maldades com perfeição. As decisões inusitadas por Valdir Maranhão podem muito bem significar um aviso de Cunha aos que pretendem abandoná-lo. Medo (rabo preso) e poder andam juntos!