Quatro escolas estaduais estão ocupadas por alunos em Passo Fundo. A primeira ocupação ocorreu na Escola Estadual de Ensino Médio Professora Eulina Braga, no bairro Petrópolis, na segunda-feira (16). Na manhã de terça-feira (17), as escolas Cecy Leite Costa, no bairro São Cristóvão, e Adelino Pereira Simões, no bairro Vera Cruz, também amanheceram ocupadas. No final do dia, foi a vez dos alunos da Protásio Alves oficializarem a ocupação. As reivindicações são semelhantes: apoio à greve dos professores, melhorias nas escolas e em defesa da educação pública.
Na escola Adelino Pereira Simões, cerca de 25 alunos estão mobilizados. “Ocupamos devido ao difícil cenário político que o país vive. Está na hora de mostrar que os alunos têm força para mudar este cenário”, disse o aluno do 3º ano do ensino médio, Gabriel Nunes, de 16 anos. O estudante João Gustavo dos Santos enfatiza que a ação é uma forma de protesto. “Tem alguns projetos de lei que estão visando a privatização das escolas públicas. Somos contra. Apesar da precariedade da infraestrutura da nossa escola, ela é da comunidade e muitos aluno serão prejudicados. Nossa ocupação é por tempo indeterminado”, salientou o aluno de 16 anos.
Os estudantes da Escola Cecy Leite Costa também estão apoiando a greve dos professores e funcionários e têm uma pauta grande de reivindicações como: pagamento da verba escolar em atraso (2 meses); nomeação de funcionários e professores (biblioteca, orientação escolar, professores de Sociologia e Seminário Integrado); construção do refeitório, garantia de merenda para todos e almoço para estudantes do politécnico (2 turnos); reforma da quadra esportiva; contra a privatização das escolas públicas (PL 44/16); e contra o Programa Escola sem partido (PL 867/2015). “Essa ocupação é uma forma de chamar a atenção por uma educação melhor. Temos que ter nossos direitos reconhecidos”, justificou a integrante do Grêmio Estudantil do Cecy, Júlia Maciel, 16 anos.
Os estudantes estão dormindo na escola e estão dividindo as tarefas por grupos. Os alunos também criaram uma página do movimento no Facebook chamada “Ocupa Cecy”. “Um grupo cuida da comida, outro da limpeza, das atividades, do nosso face. É um movimento organizado. Também pedimos a doação de alimentos que possam ser feitos em grande quantidade e práticos como massa, arroz, feijão, açúcar, entre outros. A entrega pode ser feita no Cecy. As pessoas também podem entrar em contato pelo face”, explicou Júlia.
Adesões aumentam
O diretor do Núcleo do Cpers Sindicato de Passo Fundo, Orlando da Silva, nesta terça-feira, 12 escolas ficaram totalmente paradas e a adesão de professores e funcionários à greve chegou a 60%. “Isso supera nossas expectativas. Tem escolas que aderiram parcialmente, outras estão com períodos reduzidos ou com turnos paralisados. Também estamos solidários aos estudantes que ocuparam as escolas. Nesta quarta-feira, o número deve ser ainda maior”, comentou Silva. De acordo com os dados da 7ª Coordenadoria Regional de Educação, das 39 escolas, 22 estavam funcionando normalmente na terça-feira, 1 escola com período reduzido, 6 trabalhando parcialmente, três paralisadas e sete não atenderam o telefone.
Protásio Alves
No final da tarde de ontem, um grupo de aproximadamente 20 pessoas, entre alunos e professores, ocupou a escola Protásio Alves, no centro da cidade. Aluna do 3º ano do ensino médio, Bruna Sampaio, 17 anos, disse que o Grêmio Estudantil vinha dando apoio para alunos de outras escolas, em razão disso, a mobilização no Protásio ocorreu com um certo atraso. O grupo protesta contra a privatização da escola pública, infraestrutura do educandário e salário dos professores. “Temos apenas uma merendeira na escola. Alunos do turno da noite não recebem mais merenda. Mesmo pela manhã, a distribuição é parcial” afirma. Os grupos seriam divididos em duas salas de aula, no terceiro piso do prédio novo da escola. “A intenção é permanecer direto aqui por tempo indeterminado. Durante os três turnos as equipes vão se revezando” explica o vice-presidente o Grêmio Estudantil, João Guilherme, 18 anos. Diretor da escola Júlio César Daietti Borges, agendou uma reunião para às 19h30min, desta quarta-feira, com os pais dos alunos para informar sobre o protesto e o andamento da greve. “A maioria de estudantes é menor. Os pais precisam saber o que está acontecendo” afirma, se posicionando contrário ao protesto. Segundo ele, a adesão nos dois dias de greve foi de aproximadamente 40% dos professores. “Existem outras formas de fazer isto. Tem a questão política envolvida” afirma.
Cresce o número de escolas ocupadas em Passo Fundo
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