OPINIÃO

Padre Eduardo Pegoraro, descanse em paz!

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Neste domingo, 22 de maio, recordamos o primeiro ano do assassinato do padre Eduardo Pegoraro. O fato trágico aconteceu na casa paroquial da cidade de Tapera – RS, quando ele era pároco da cidade e formador no Seminário. O assassinato chocou a todos que amam e respeitam a vida. A morte trouxe profunda dor e tristeza à família, deixando um vazio irreparável. Provocou sofrimento a todos os seus irmãos presbíteros que perderam um colega, um irmão e um amigo. Entristeceu e empobreceu a Arquidiocese de Passo Fundo e toda Igreja, pois um evangelizador foi morto, impedindo-o de cumprir a sua missão, já que o seu lema de padre era: Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda a criatura. Lema que o acompanhava desde a ordenação presbiteral, acontecida em Água Santa, no dia 19 de julho de 2009.

Infelizmente, a história da humanidade está marcada por fatos violentos contra a vida e por crimes de todas as espécies. A morte violenta de qualquer pessoa sempre é motivo de indignação para quem ama a vida. É motivo de reflexão sobre a vida. É oportunidade para tentar compreender porque alguém se dá o direito de tirar a vida de outra pessoa, seja ela quem for, independentemente da motivação, da idade, condição social ou categoria social. Toda morte, especialmente a morte violenta, é um grito pela vida. É um grito de valorização da vida e de denúncia contra todos os que querem se dar o direito de decidir sobre a vida do outro.
A Bíblia reflete a história humana e traz a visão de Deus sobre os fatos. Ela é luz para os nossos passos, também para o assassinato do padre Eduardo. Encontramos nas primeiras páginas do livro do Gênesis 4, 1-15, um crime fratricida. Caim mata seu irmão Abel. Após o crime vem a sentença para Caim: Que fizestes? – perguntou o Senhor. Do solo está clamando por mim a voz do sangue do teu irmão. O sangue derramado clama por justiça. A base da vida comunitária é a justiça. O sangue do padre Eduardo clama e espera que as instâncias competentes conduzam o processo com sabedoria e agilidade, para que seja feita justiça.
A justiça é a primeira ação necessária, mas não a única e a última palavra. Caim quando sentenciado reconhece a sua culpa e diz: Meu castigo é grande demais para que eu o possa suportar e Deus garante a Caim que não será morto por vingança. Neste contexto, brota a misericórdia divina que não tolera a espiral da violência. O Senhor Deus condena o assassino, mas não o abandona ao seu destino. Antes o recolhe sob a sua jurisdição, a quem todas as vidas pertencem. Não é lícita a vingança e a pena de morte porque na mão de Deus está a alma de todo ser vivo, o espírito de toda carne mortal (Jó 11,10). A justiça e a condenação não diminuem, mas ao culpado é sempre aberta a via da redenção que desabrocha do entrelaçamento entre o arrependimento, a conversão e da misericórdia divina e humana.
É possível falar de perdão. Sim. O cristão precisa falar e se esforçar para praticar o perdão. Perdoar não significa esquecer; antes se tivesse podido esquecer, não seria necessário perdoar. A verdadeira virtude consiste em perdoar recordando, porque perdoar significa se libertar da ira interior, dos ressentimentos e da busca de vingança que podem consumir cada fibra do seu ser.

Dom Rodolfo Luis Weber
Arcebispo de Passo Fundo
20 de maio de 2016

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