O presidente do Senado, Renan Calheiros, já manifestou a pretensão de reduzir a força da delação premiada. Seu principal objeto é eliminar do rol delação de quem seja acusado de crime. Ora, todos sabem que quem mais sabe do crime é o criminoso. Diz que tem sido acusado falsamente. Impressionante é que a proposta veio no momento em que o presidente da Transpetro, Sergio Machado, já conhecido na operação Catilinária fez declaração que derrubou o ministro Homero Jucá. Assim, Jucá e Renan vão andar mais juntos do que nunca, para se defender de acusações gravíssimas. Mas o ministro Teori Zavaski acaba de homologar a delação de Sérgio. Não é de hoje que eminências do poder agem para fragilizar testemunhas e provas históricas do crime organizado. Atacam também a tentativa de aprovar novas leis mais severas para combater criminosos de elite. Um dos casos evidentes de defesa dos próprios interesses dos parlamentares corruptos é o engavetamento da proposta de austeridade encaminhada pelo MP. Ainda existem redutos poderosos que se julgam inatingíveis, mas já não há tanta certeza desse privilégio. A tendência é acabar de vez com a amplidão do foro privilegiado. A resistência dos comandos de Brasília não é coisa nova. Martin Fierro já dizia “...La ley es como el cutijo, no ofiende a quien lo maneja”. Mas isso pode estar mudando!
Sem abafar
Embora muitas tentativas em reduzir intensidade das investigações da PF, a força residual das manifestações das ruas volta à consciência das pessoas. A PF não vai expungir todo o mal encravado no poder político brasileiro, mas é operação inédita, jamais vista nos últimos quinhentos anos! Por isso o presidente interino Michel Temer foi hábil ao desconvidar Jucá, recém empossado ministro. A gravação denunciou suas manobras para abafar a investigação na Operação Lava Jato. E isso pode derrubar governo!
Estrelas cadentes
E assim vamos andando, com tempo para observar que a maioria dos extremados teve rutilância fugaz de estrelas cadentes. Vejam a lista dos acusados e punidos. E a Lava Jato não pára, mais parecendo operação cascata, indicando que muitas estrelas ainda vão cair.
Complicado
A tentativa de reduzir a importância da cultura declinando de ministério próprio serviu para Temer aproximar-se da governabilidade, ao mostrar que pode rever algumas questões. Já no caso de Ricardo Barros, que vem de um PP muito comprometido na Lava Jato e da gafe com o senador Jucá, as coisas são mais complicadas. Pois é, Ricardo Barros, operador de despesas do PP (caso tenebroso), inadvertidamente atacou gastos com a universalização da saúde. Pensando bem, este é caso mais gravoso do que o de Jucá. A largada já foi dada, mas está aparecendo muito pneu furado, nesta corrida urgente de recuperação.
O Brasil pode
Já vivemos momentos históricos que pareciam de difícil superação, mas superamos. Acontece que a rapidez da queda amplia a proporção dos males. “Os sociólogos alemães já preveniam “omnia comparatio claudicat” (toda a comparação é falha). O time do ora presidente Temer precisa preservar aspectos da moralidade para que não se confirme a popular parêmia “eiusdem furfuris” (tudo farinha do mesmo saco). Quem está no pódio da corrupção não deve ser ungido com função pública de destaque. Afinal, já sofremos demais e ninguém deseja que fique a mesma coisa!
Navegar
Está comprovado que Temer é político hábil. E nem podemos deter-nos em apreciações ideológicas de esquerda e direita, nesta hoje. Temos que desvendar este enorme potencial de produção que é o Brasil. E o tempo é curto. Algumas coisas vão atrasar um tempo, mas o desemprego precisa ser atacado logo. É preciso navegar, pois estamos no mar da vida!
Retoques:
* Desculpo-me por não ter comparecido ao encontro de prestação de contas do vereador Padre Wilson Lill. É um dos políticos que realmente ouve o povo.