Armindo tem quase 80 anos e é aposentado do DAER, serviço do qual sempre teve muito orgulho de fazer parte, afinal abria estradas para o país que viria a ser, para o gigante adormecido, celeiro do mundo, que deixaria para seus filhos-netos. Seus olhos não têm a vivacidade de outrora, não pela senilidade, não pelo envelhecimento das artérias da retina. Seu desencanto manifestado pelo olhar opaco deve-se à decepção extrema pela maneira com que constata nos telejornais com que os engravatados dirigiram nosso país. Armindo não tem jeito para gravatas, somente as usou em solenidades obrigatórias como casamentos e formaturas. Sempre entendeu que o uso da gravata de maneira cotidiana deve seguir a liturgia do merecimento, ou seja, deve ser usado por pessoas estudadas, supostamente bem esclarecidas. Armindo não tem estudo, mas não é burro, é esclarecido a tal ponto que percebe que a roubalheira estampada em todos os órgãos de imprensa não é apanágio de um ou outro partido, a roubalheira é falha de formação de caráter de pessoa física que, muitas vezes utiliza a pessoa jurídica para facilitação de seus intentos que, geralmente, nunca tem a ver como interesse do cidadão comum. Ele gostaria que, na impossibilidade de gestão responsável e transparente, que as estatais fossem passadas à iniciativa privada; gostaria, também, da extinção dos partidos políticos, afinal a gente vota nas pessoas e não nos partidos; gostaria que, na impossibilidade da condução ético-moral dos compromissos assumidos publicamente pelos nossos políticos que o Contrato Social de Rosseau fosse ampliado, afinal se o homem não tem a capacidade de se autogovernar e ao bem público, que isso tudo fosse feito pelo fortalecimento das instituições; gostaria que jamais um presidente da república pudesse ter o poder de nomear ministros para o supremo tribunal, que as indicações fossem meritórias ou absolutamente técnicas: gostaria de, ainda em vida, conseguisse vislumbrar o país do futuro, aquele que construía pelo suor e das centenas de dias que viveu longe de seus filhos. Todo o sacrifício se justificava a um homem que trabalhava honestamente para construir a casa do futuro onde seus descendentes seriam abrigados. Sonhador esse seu Armindo , não? Parece que estamos condenados a continuar essa senda que macula a imagem do país ao resto do mundo.
Em tempo, a vitória do meu time sobre o Galo quinta-feira reacendeu a questão sobre o quanto as noitadas prejudicam os atletas em campo. Quero manifestar a opinião de um homem de 59 anos em resposta à argumentação de alguns jornalistas e cronistas esportivos: não, absolutamente, mulher não faz mal à saúde do homem. Mulher faz bem, não tenham receio.
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