Com todos os defeitos que possam ser apontados na divulgação dos fastos que fazem transbordar a corrupção em torno da Operação Lava Jato, o jornalismo é indispensável salvaguarda na democracia. Algumas informações divulgadas vazam simplesmente movidas por algum interesse político, antes de chegar às redações. Não faz mal. E temos que acabar com o segredo de justiça, tão logo se esgote a motivação investigativa ou de segurança processual. Não fossem alguns vazamentos nem se saberia que Luiz Trabuco, presidente do Bradesco, já tinha sido indiciado na Operação Zelotes. A forte suspeita é de corrupção junto ao Carf, Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. O Ministério Público está requisitando diligências para decidir sobre a denúncia. E quando se pensaria que tudo isso um dia pudesse acontecer? O eco na imprensa desperta todos os gansos! O que deveria ser rotina, a investigação severa da polícia, passa a ser historicamente inusitado. Aí reside importante marca que diz respeito a todos os segmentos e à conduta individual das pessoas: a mudança está em curso, drapejando em nome da decência mínima, queiram ou não os grupos de poder, onde a grande maioria está envolvida. Agora é a vez, de conter o insuportável para a nação e as famílias. Para isso, no entanto, a oportunidade pode ser rara demais. De qualquer forma, incluídas incompreensões lamentáveis, a vida nacional tem pouco tempo para decidir se amadurece ou apodrece!
Justo clamor
Gente de bem já anda cansada de ver Eduardo Cunha manobrando as coisas no Congresso, principalmente a obstrução ao processo que pede sua cassação. Parece que nem mesmo a Polícia Federal pode contê-lo, enquanto o Supremo entende que já interferiu o suficiente no seu afastamento. Agora, deputado Valdir Maranhão, um presidente do Legislativo que se esguia entre bastidores da política mostra que quer também proteger Cunha. Vergonha para o Brasil. Monstruosidade contra a casa que deveria ser um santuário da democracia.
Estupro
A lei pune estupro ou ato libidinoso contra menor. O caso ocorrido no Rio passa por avaliações legais e também pelo crivo de observadores. Impressiona a revolta pelo desrespeito à mulher, manifestada pela maioria de homens e mulheres. Assusta a hipótese também apontada de culpar a própria adolescente. Esta idéia de culpar a vítima mais parece o desprezo pelo ser humano do que um argumento. Se a menina é mais ou menos responsável, pouco muda na história triste de desrespeito à mulher! Os abusos eram comuns no período da escravidão no Brasil. O caos pela ausência de valores ainda remanesce na consciência e atinge mulheres, principalmente negras. As mulheres sustentam luta dramática contra esta falta de dignidade dos homens. Cabe ao homem assumir posição mais definida na escala de prioridade social humanitária.
Escravos
As organizações mundiais voltam a comentar sobre a existência de pessoas escravas no planeta. São 46 milhões que suportam violações, ódio, fome e desprezo.
Odebrecht
Agora, oficialmente, a Odebrecht, empreiteira campeã de incidência na Lava Jato, é reconhecida na delação. Vai cuspir fogo! E mais gente vai sair sapecada!
Retoques:
* Com essa espécie de dinastia do crime e falta de ética impregnada em próceres políticos, Temer não consegue sobrepor a tempo exíguo de credibilidade. Além do comprometimento do PMDB parece que enfrenta o DNA da corrupção nas suas escolhas ministeriais. Golpe ou não, é péssimo!
* Tivemos Brizola, Darci Ribeiro que alertaram o Brasil e agora ainda ouvimos o senador Cristóvão Buarque. Vozes que clamam no deserto!
* De um lado o vice em exercício Michel Temer vem demonstrando agilidade em se desfazer de pesos inúteis em seu barco político, como fez com o ministro da Transparência Fabiano Silveira. De outra parte o desgaste revela que é preciso remover todo o tapete da sala presidencial pra ver o que sai debaixo.