Probabilidade de La Niña a partir do segundo semestre

Ao contrário do El Niño, o fenômeno La Niña diminui a temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico

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O evento El Niño começa a perder força e, a partir de setembro, a estimativa é para que o La Niña inicie seu ciclo de atuação. O La Niña é um fenômeno oceânico-atmosférico com características opostas ao El Niño, e que caracteriza-se por um esfriamento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical. De acordo com o Inmet, a última ocorrência do La Niña foi entre os anos de 2007 e 2008. O El Niño já está atuando há mais de um ano. “Há um ano e meio estamos sob a atuação do El Niño, que influenciou as duas últimas safras. Na safra de inverno de 2015 foi prejudicial devido ao excesso de chuvas na primavera para os cultivos de inverno e na safra de verão 2015/2016, favoreceu extremamente as culturas de soja e milho, em particular”, observou o agrometeorologista da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha.
Todos os sinais indicam que o evento El Niño estaria encerrando seu ciclo de atuação e a probabilidade de atuação do fenômeno La Niña, no segundo semestre deste ano, é de 75%. “Se espera que, a partir do segundo semestre, o El Niño encerre seu ciclo e, após um período de condição neutra, a probabilidade é que se configure um evento La Niña a partir da primavera. A perspectiva é de uma primavera menos chuvosa, uma condição de inverno e primavera com temperaturas abaixo das médias e primavera e começo de verão mais secos”, revelou Cunha.
“A consequência disso para nós do Sul do Brasil, ao contrário do que acontece em anos de El Niño que tem elevação de chuva na primavera e começo de verão, nos anos de La Niña temos redução das chuvas de primavera e começo de verão”, ressaltou.

Condição favorável para trigo, cevada e canola
De acordo com Cunha, a estimativa de La Niña indica, para a safra de inverno 2016, uma condição mais adequada, em especial, para as culturas de trigo, cevada e canola e alerta para que os produtores rurais busquem diversificar as épocas de semeadura dessas culturas. “É importante que os produtores não concentrem toda a semeadura no período preferencial, que na nossa região começa agora em junho, que invistam em cultivares diferentes e que sempre que possível procurem a adesão aos programas de seguro rural”, salientou.

El Niño e La Niña
As anomalias do sistema climático conhecidos como El Niño e La Niña representam uma alteração do sistema oceano-atmosfera no Oceano Pacífico tropical, e provocam consequências no tempo e no clima em todo o planeta. De acordo com Cunha, existe um fenômeno chamado El Niño Oscilação Sul, que é um fenômeno de interação entre a superfície do Oceano Pacífico, na faixa equatorial, e a atmosfera, que influencia na circulação geral da atmosfera em função do comportamento das temperaturas das águas do oceano junto a Costa leste e oeste da América do Sul. “Em anos de El Niño as águas são quentes. Esse evento intensifica os ventos em altos níveis, chamados de correntes de jato subtropical. Com isso, há o bloqueio da passagem das frentes frias, a intensificação das frentes frias e o aumento das chuvas em algumas regiões do mundo. Uma dessas regiões pega o sul do Brasil, Uruguai, parte da Argentina e do Paraguai”, explicou Cunha.
Esse fenômeno tem duas fases. “Existe a fase quente de El Niño, como a que vivemos em 2015 e começo do verão de 2016, e a outra frase é a fria, também chamada de La Niña, que é o oposto, onde as águas do Pacífico estão frias, diminuindo os bloqueios das passagens de frentes frias e há menor aporte de vapor d'água na atmosfera”, complementou o agrometeorologista. Tanto o El Niño, quanto o La Niña, são fenômenos ditos persistentes e, quando configurados, permanecem atuando, em média, entre um ano e um ano e meio.

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