OPINIÃO

Uma pausa para a emoção

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Um sarau poético, realizado na última terça-feira (31 de maio de 2016), marcou as comemorações alusivas aos “20 anos do Bando de Letras”, o famoso grupo de contadores de histórias e dizedores de poemas da Universidade de Passo Fundo (UPF). Eis uma proposta que, apesar de ter sido iniciada, em 1996, mais como uma demonstração de rebeldia de um grupo de alunos contra o modelo tradicional das aulas de Língua Portuguesa e Literatura do que qualquer outra coisa, e que, no começo, não era bem-vista por alguns professores e nem pelos demais colegas, acabaria, supostamente, pela relevância que tomou, institucionalizada como um projeto de extensão universitária, em 2012, pela UPF. O projeto atual, sob a denominação de “Bando e Bandinho de Letras”, foi estendido para além dos limites do curso de Letras da UPF, englobado alunos do Ensino Médio Integrado e da Faculdade de Medicina; e, no caso do “Bandinho”, para as crianças de oito a doze anos das redes pública e privada de ensino de Passo Fundo.
Aos fundadores do Bando Letras, os acadêmicos Clodoaldo Silva (in memoriam, infelizmente), Douglas Peretto, Roberta Ciocari e Roberta Salinet, os nossos cumprimentos pela inciativa. Não tenham qualquer dúvida, efetivamente, vocês fizeram algo relevante! Estejam certos disso: nada que não tenha relevância dura 20 anos! E, ainda, não se pode esquecer que, paralelamente, acompanhando de perto e orientando esse trabalho, desde o começo, de maneira discreta como costuma ser o comportamento dos verdadeiros mestres, há a figura onipresente e singular do Prof. Eládio Vilmar Weschenfelder. Historicamente, o Bando de Letras e o Prof. Eládio, com o passar do tempo, tornaram-se duas entidades indissociáveis. Tanto é assim que a antologia de contos e poemas, que marca a estreia do grupo Bando de Letras em livro, materializada na obra “Beijo Definitivo”, publicada em 1997 pela editora da UPF, teve como organizadores Eládio Vilmar Weschenfelder e Douglas Peretto.
O espetáculo que louvou os 20 anos do Bando de Letras recebeu a denominação de “Pausa Poética”. O colunista ousaria sugerir que não faria diferença nenhuma se tivesse sido chamado de “Pausa para a Emoção”. Afinal, em tempos de atribulação de toda ordem no País, quando se vive mais momentos de indignação do que de emoção, quem foi ao evento não fez outra coisa que dar-se ao luxo de “uma pausa para se emocionar”. E emoção foi o que não faltou nesse sarau. Começando pela entrada triunfal do Prof. Eládio e do Bandinho de Letras, caracterizados de sacis-pererês, homenageando esse personagem do folclore brasileiro. E seguindo com os depoimentos, gravados em vídeo e presenciais, dos remanescentes da formação original do Bando de Letras, além das intervenções literárias performáticas do grupo atual: Adelair Pablo Lescano, Alana Dupont, Álice Oliveira, Gustavo Borella, Henrique Borella, Indiara da Silva, Lucas Cyrino, Marina Sbardeloto e Thais Geraldi.
Para haver emoção há que se ter o encantamento reciproco entre os contadores de histórias ou dizedores de poemas e o público ouvinte. E isso, indiscutivelmente, não faltou desde a abertura até o encerramento do espetáculo. Eu, e suponho que algo parecido tenha também passado com o restante do público e até mesmo com as paredes do auditório da FEAC, não tive como ficar indiferente às magistrais interpretações de Lucas Cyrino, para Assum Preto (de Luiz Gonzaga), e de Alana Dupont, para Ismália (de Alphonsus Guimaraens).
O projeto “Bando e Bandinho de Letras” pode ser visto como mais um dos tantos desdobramentos culturais das Jornadas Literárias de Passo Fundo, que um dia justificaram a concessão do título de Capital Nacional da Literatura para nossa cidade. A Academia Passo-Fundense de Letras, nessa ora, não poderia deixar externar seus cumprimentos aos pioneiros, aos ex-integrantes e aos membros atuais do Bando e do Bandinho, ao Prof. Eládio Weschenfelder, ao Curso de Letras e à Direção da UPF, pela festiva ocasião.

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