OPINIÃO

Os barões celerados

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A cada momento ouvimos nos comentários mais comuns ou nos elaborados raciocínios que ilustram inconvenientes da conduta social, a assertiva de que é preciso mudar a cultura do país. Aplicamos isso para infratores do trânsito, inadimplentes, predadores do patrimônio público, mal educados que constrangem professores idosos e crianças, enfim tantos itens etiquetados que merecem evolução. Nos escalões mais modestos. A grande e secular falta de consciência persiste, no entanto, nas políticas de poder político. Os barões assinalados, ou os excelsos comandantes do poder, são a pesada herança absolutista (the king do not wrong). Se o povo simples começou a entender que não pode discriminar raças, que deve respeitar idosos ou vulneráveis e se revolta com a violência contra a mulher, as elites maiores não assimilaram ainda que é injusta a preservação dos intocáveis. Os movimentos dos últimos meses, da Polícia Federal, MP e Judiciário, apontam para um rumo revolucionário. Figuras perpetuadas no poder por delegação do povo não admitem descer do pedestal. Sabem que não são santos, mas se declaram ungidos para sempre. O procurador geral da República Rodrigo Janot acaba de requerer a prisão de mandatários do Poder Legislativo: Eduardo Cunha, Renan Calheiros, além do ex-ministro Romero Jucá e ex-presidente José Sarney. Todos do PMDB, partido que se ajeita na presidência do país. Logo eminências de outros partidos poderão ser denunciadas, por obstrução à justiça e outros delitos. Segue a queda livre de ministros e engrossa o volume de denunciados da Operação Lava Jato, e outras investigações. Chegou a vez dos barões celerados!

Grave vazamento
No episódio desta semana, com a divulgação do pedido de prisão de próceres partidários, veio imediatamente a réplica do vazamento. Ou seja, quem promovia vazamento seletivo nas denúncias contra o PT, agora quer apurar as irregularidades acessórias. O importante, no entanto, é o fato denunciado. A imprensa, do jeito que é, cumpre seu papel. O momento é tão rumoroso que pode ser indeferido pelo Ministro Zavascki, ainda que parcialmente, o pedido da acusação de Janot. Este sim parece mais peitudo que o juiz Sérgio Moro.

Ricordi D’Itália
A presidente do tradicional Coral Ricordi D’Itália, Glaci Bortolini, informa que a professora Maria Teresinha Fortes Braz, há vários anos regente do grupo, decidiu passar a batuta ao jovem músico David Reginatto. Teresinha permanecerá na regência durante um período de transição, mercê sua indispensável experiência, e continuará fazendo parte com sua voz marcante no coral. David, renomado acordeonista, mostrou-se entusiasmado com o convite para mais esta missão, além de instrumentista do Ricordi, que cumpre papel artístico e cultural.

Retoques:
* Sarney alega a seu favor os 60 anos de vida pública e o exercício da Presidência do Brasil, quando conduziu a liturgia da democratização. Lula executou o projeto que retirou grande parte da população da sombra da miséria e abriu oportunidade ao ensino universitário a milhares de excluídos. Ambos têm méritos incontestáveis. Mesmo assim, não se pode admitir a omissão no assalto ao dinheiro público, ou a obstrução da Justiça!
* Tapetes dourados ou rubentes podem enganar pela aparência, como acontece hoje. É só levantar uma ponta que aparece a sujeira dos desvio de verbas.
* Luislinda Valois, desembargadora negra, é nomeada para a Secretaria da Igualdade Racial. Ela tem uma trajetória de luta e sucesso no combate ao racismo. É inovação sólida, sem as temeridades que marcaram as primeiras escolhas de Temer.
* Fato relevante e indutor de valores é a escolha de Maria da Penha para carregar a Tocha Olímpica. Aplauso aos organizadores!
* É bem possível que as gravações de Sérgio Machado tenham sido a maior bomba política na delação premiada.
* Além de Cunha manobrar ao ponto de escarnecer da dignidade, a deputada sua aliada, Tia Eron, é vedete nacional!

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