Protesto contra intolerância religiosa

Dos quatro suspeitos a cometer a agressão, dois compareceram e uma aceitou transação penal

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Líderes religiosos se concentraram em frente ao fórum durante audiência de conciliaçãoLíderes religiosos se concentraram em frente ao fórum durante audiência de conciliação
Líderes religiosos se concentraram em frente ao fórum durante audiência de conciliação
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Representantes do grupo Guerreiros do Axé realizaram um protesto ontem à tarde, em frente ao fórum, para pedir punição dos acusados do ataque a uma casa religiosa afro-brasileira. O caso aconteceu no final de maio, no bairro Petrópolis, em Passo Fundo. Ontem foi realizada uma audiência de conciliação no Juizado Especial Criminal (Jecrim).
Segundo o advogado das vítimas, Júlio César Pacheco, dos quatro suspeitos, apenas dois deles compareceram na audiência. Entre os acusados está uma mulher. Ela aceitou a transação penal em relação ao crime de lesão corporal e pagará multa no valor de R$ 500. O dinheiro será revertido para o Fundo de Penas Alternativas da Comarca de Passo Fundo. No entanto, ela segue respondendo às acusações de intolerância religiosa e homofobia.
Segundo Pacheco, não foi possível acordo com o suspeito porque ele já tem condenação pelo Tribunal do Júri, portanto, não é mais réu primário. Como não existe possibilidade de acordo para os crimes de intolerância religiosa e homofobia, o caso será encaminhado ao Ministério Público, que analisará e decidirá pela representação ou não dos acusados.
Conforme depoimento das vítimas, na noite de 26 de maio, quatro pessoas invadiram a casa reiligiosa. Armado, o grupo fez ofensas contra a religião e opção sexual dos moradores. Um casal acabou sendo agredido. O homem, de 56 anos, levou um golpe de facão no pescoço. A esposa dele, de 52, teve ferimentos nas mãos e na cabeça.
“A gente havia realizado um culto religioso. Começou às 14 e foi até às 18. Lá pelas 23h, ele entraram na casa. Foi um caso típico de intolerância religiosa. Diziam que era para o nosso Deus saber que quem mandava na rua eram eles. A gente não faz bagunça nem barulho, a gente faz ritual religioso” conta William de Lima, 28 anos. Além das agressões os acusados provocaram danos na residência e num veículo. Em razão das ameaças, William e Vinícius Ribeiro, 20 anos, filho do casal agredido, tiveram de trocar de moradia. “A gente estava correndo risco de vida lá. A casa era devidamente registrada. Fatos como estes não podem se repetir” diz Vinícius.

Grupo
Criado em 2015 para combater o Projeto de Lei proibindo o uso de animais em rituais religiosos o Guerreiros do Axé é formado por cerca de 40 lideranças religiosas afro-brasileiras. A intenção é promover a organização do segmento religioso para combater, principalmente, a intolerância religiosa e o preconceito. “Queremos dialogar com o Ministério Público, o judiciário e outros setores da sociedade para promoção de direitos e de políticas públicas. Uma delas é a efetivação deu m Conselho Municipal de Povo de Terreiro” explicou o pai Duda de Ogum. Segundo ele, Passo Fundo conta com aproximadamente 400 casas de religião afro-brasileira. Dados do IBGE, no último censo, apontam o Rio Grande do Sul como um dos estados com maior crescimento da religião afro no Brasil.

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