Em greve há mais de 45 dias, alguns dos professores ligados ao movimento recorreram ao CPERS Sindicato e à 7ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) para solicitar esclarecimentos sobre a falta de pagamento dos salários e o não lançamento de seus contracheques. A professora Paula Torres Carvalho, por exemplo, não recebeu o documento de comprovação do pagamento no sistema online do magistério estadual. Segundo ela, no sistema consta que não houve vínculo empregatício entre a servidora pública e o Estado no mês de junho. O mesmo aconteceu com o presidente do CPERS Sindicato, Orlando Marcelino. “Ao nosso ver, esta é uma jogada do governo para dizer que não existe vínculo conosco. É como se fosse uma maneira de resguarda. Já tivemos contracheque descontado, mas nunca antes não foi emitido”, contou Paula. Na escola Arcoverde, dos 48 professores, 18 estão paralisados. Parte deles afirma não ter recebido salário, ainda que tenha o registro do contracheque. O documento é lançado comumente no dia 29 de cada mês. “Como o teto de parcelamento é de R$ 2.600, teríamos que ter recebido o pagamento integral. Cerca de 80% dos professores da escola estão inclusos neste pacote. O problema é que todos ficamos assustados com isso”, comentou.
Para Marcelino, esta é uma prática recorrente do governo de Sartori. “Ele disse que, se houvesse recuperação das aulas, pagaria o salário. Então muitos dos professores retornaram para as salas de aula e mesmo assim ele descontou. É uma prática de retaliação para forçar o retorno de todos os professores”, disse. Esta situação deve ser discutida entre sindicato e governo no início da próxima semana. “Nós sempre recuperamos as aulas e os governos anteriores sempre nos pagaram. Estamos há mais de um mês em greve. Se ficarmos todo este tempo sem receber, então a responsabilidade é do governo”, apontou.
A 7ª CRE, por outro lado, explica que existe uma metodologia nas escolas, onde é comunicado à Coordenadoria quem está efetivo para encaminhamento dos contracheques. Os dois professores citados nesta matéria constam como inefetivos desde 16 de maio – data de início das paralisações. “Por terem continuado, a escola nos comunicou e, portanto, não saiu o contracheque. Quando o movimento parar, deve ser lançado e pago o tempo que ficaram trabalhando até o dia 15 de maio. O restante fica a cargo das negociações da categoria com o governo”, explicou o coordenador da 7ª CRE, Santos Olavo Misturini. Sobre uma possível retaliação do governo, Misturini diz que são 'hipóteses' e que nada oficial foi destacado pelo governo do Estado. “Não recebemos nenhuma informação na Coordenadoria. A única questão é que seremos orientados sobre a recuperação das escolas ocupadas, considerando apenas os dias dias de ocupação, e não os de greve, já que a paralisação continua”, pontuou. As ocupações nas escolas iniciaram em 18 de maio e encerraram no dia 13 de junho.
Dados da greve
De acordo com os dados da 7ª CRE, são aproximadamente 100 professores parados em Passo Fundo. As escolas com maior número de adesão são a Fagundes dos Reis (24), Arcoverde (18), Protásio Alves (15), Cecy Leite Costa (11), Anna Willig (11) e Antonino Xavier (8). No total são 1.326 professores nas escolas estaduais de Passo Fundo. De acordo com o CPERS Sindicato, 70% do total de professores aderiu ao movimento.