Discussão busca alternativas para utilização do espaço

Enquanto projeto do Executivo prevê área gastronômica, entidades locais se mobilizam pedindo parte do espaço

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Intenção do projeto desenvolvido pelo Executivo é que área receba concessões de empresas privas para construção de complexo gastronômicoIntenção do projeto desenvolvido pelo Executivo é que área receba concessões de empresas privas para construção de complexo gastronômico
Intenção do projeto desenvolvido pelo Executivo é que área receba concessões de empresas privas para construção de complexo gastronômico
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O debate sobre a utilização da antiga Estação Férrea do Parque da Gare iniciou ainda na semana passada. De um lado, o projeto proposto pelo Executivo prevê que o local seja utilizado pela iniciativa privada em uma espécie de complexo gastronômico; em seguida figuram sugestões para que o espaço seja destinado a organizações e entidades culturais do município. De acordo com a secretária municipal de planejamento, Ana Paula Wickert, desde o início da reformulação do Parque da Gare – em abril de 2015 – a área da antiga estação estava destinada a receber estabelecimentos terceirizados. A discussão que tramita atualmente na Câmara é quanto a concessão do espaço – para o município licitar e conceder o local para uma empresa privada é necessário a aprovação dos vereadores. O principal motivo para a terceirização do local, como aponta, é que o espaço tenha uma pessoa responsável por responder ao poder público pelo uso do prédio de maneira definitiva e não temporária, como foi o caso da recente Mini Feira do Livro, por exemplo. Além disso, também se destaca a necessidade de inserir o espaço na vida noturna, evitando deixar o local vazio no horário da noite. “Temos vários municípios com este modelo. Nos inspiramos principalmente em Caxias do Sul, que implantou o projeto de restaurante em suas estações férreas. Ali pode-se fazer uso da calçada, com mesas e cadeiras, por exemplo. A ideia é permitir uma vida noturna naquela área, não deixando o parque abandonado durante a noite. Quanto a quem vai utilizar, tivemos várias discussões e entendemos que, tecnicamente, este é melhor modelo já que dá para o poder público a certeza de que alguém está usando, cuidando e protegendo o patrimônio construído”, comenta Ana Paula. 

A ligação com a iniciativa privada foi pauta central da reunião que envolveu a Comissão de Orçamento e Tomada de Contas (COTC) da Câmara na última segunda-feira (18). A intenção, como apontou o vereador e presidente da comissão, Rui Lorenzato (PT), foi rediscutir a utilização da área unicamente por empresas terceirizadas, mas buscar por alternativas que também contemplem entidades locais. “Temos a experiência de economia solidária em Passo Fundo que carece e discute um espaço há mais de dois anos. São mais de 80 entidades que precisam de um espaço para divulgar uma economia diferente. A prefeitura discutiu a questão com os feirantes da Gare, eles ganharam o espaço, e a economia solidária, não”, defendeu o parlamentar. A sugestão inicial é que 50% do espaço – que tem área total de 664m² – seja garantido para a economia solidária; termo que engloba associação de artesãos, agroindústrias, reciclagem, confecções, entre outras. Para isso, o Executivo teria duas saídas. “A primeira seria a retirada do atual projeto [que pede autorização para concessões] do Legislativo, a fim de repensá-lo e reencaminhá-lo com as mudanças propostas. A outra seria fazer uma emenda onde se garanta 50% da área para a economia solidária. Teríamos, assim, um local permanente e definido para ações do tipo, já servindo para referência em Passo Fundo”, afirma Lorenzato. Uma nova reunião sobre o assunto foi marcada para a próxima segunda-feira (24), no Plenarinho da Câmara, junto de membros do Poder Executivo.

Artesanato em destaque
Uma indicação do gênero foi protocolada no início do mês pelo vereador Renato Tiecher (PSB). O parlamentar pede pela ocupação dos artesãos no local. “Temos muita gente produzindo artesanato na cidade, o que deixaria o espaço mais atrativo. A comunidade só tem a ganhar”, comentou. Esta possibilidade já foi levantada pelo Executivo. “O artesanato tem uma relação muito próxima com a rua, com a vida, aquela relação diária de vivacidade do centro. Entendemos, no entanto, que talvez afastá-los da Praça Marechal Floriano não seria a melhor opção. Sabemos que a Gare tem movimento, mas está longe do fluxo que tem diariamente nas ruas Morom e General Netto”, explica a secretária. A ideia do complexo gastronômico, como complementa, é que o vencedor da licitação seja responsável por todo investimento do local, já que a reforma na estação foi apenas externa. “A madeira foi restaurada por conta dos cupins, mas a parte interna não recebeu intervenção. Nossa proposta é que esta parte fique a cargo de quem vencer a licitação”, completa. Definido o trâmite na Câmara será aberto um processo de interessados em participar do processo licitatório.

Área gastronômica e cultural
A ideia é que não haja apenas uma empresa terceirizada ocupando o local, mas várias. O modelo do trabalho, no entanto, só será definido após a aprovação da Câmara. Também constará entre as regras da licitação que a prestação de serviço das vencedoras sejam vinculadas a iniciativas que, obrigatoriamente, fomentem a arte e cultura local – foco primário do complexo Roseli Doleski Pretto. “Uma decisão sempre faz parte de algo mais complexo que parte de um entendimento da cidade. Por exemplo, o Parque do Banhado da Vergueiro tem iniciativas ambientais; já o Parque Roseli Pretto busca alternativas culturais”, esclarece Ana Paula, que acrescenta que se trata de um complexo mais amplo de cidade. “Nossa proposta é, sim, um complexo gastronômico, mas com enfoque cultural. Não é apenas o restaurante normal: ele traz consigo a exigência de fomentar o espaço de cultural, arte e artesanato local”, pontua.

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