O período compreendido entre a promulgação da Constituição Federal de 1988 e a adoção do Plano Real, em 1994, é marcado por uma longa crise econômica e altos índices de inflação. No campo político, as sucessivas tentativas de lidar com a questão econômica levaram o país a um tumultuado ambiente de crise de liderança, em que nenhuma classe ou aliança de classes sociais conseguiam formular alternativas eficazes para lidar com o problema econômico (Marin e Oliveira, 2012.)
Após o lançamento do plano real no ano de 1994, umas séries de crises avassaladoras inundaram o mundo, como a crise do México em dezembro de 1994, a crise dos tigres asiáticos em 1997, a qual gerou um forte ataque especulativo contra a nossa moeda, o Real. O Banco Central do Brasil aumentou a taxa de juros para patamares estratosféricos entre janeiro a julho de 1995 a taxa SELIC no Brasil atingiu 85%, na crise asiática atingiu um pico de 45%. Taxa SELIC pode ser definida como a taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC) para títulos federais.
Foi neste período de grande turbulência que o risco Brasil passou a ser mais conhecido e a ganhar espaço nos telejornais nacionais. O risco-Brasil é um conceito que busca expressar de forma objetiva o risco de crédito a que investidores estrangeiros estão submetidos quando investem no País. Classificação de crédito (também chamada de nota de risco, rating, classificação de risco, avaliação de risco, notação de risco ou notação financeira de risco), avalia o valor do crédito de emissões da dívida de uma empresa ou um governo.
Essa classificação é feita através de notas representadas sob letras e sinais aritméticos dados a partir de uma série de avaliações concedida pelas principais agências de classificação de risco, como a Fitch Ratings, Moody's e Standard & Poor's, e avalia a possibilidade de esta entidade saldar suas dívidas.
Iniciava-se o ano de 1999, FHC era empossado para um segundo mandato e o Brasil estava em um processo de ebulição econômica, ainda no mês de janeiro foi anunciada a maxidesvalorização do real, adiada em função da reeleição obtida em outubro de 1998, que o chamado risco-Brasil atingiu seu nível mais baixo. Com nota B-, o Brasil foi classificado pela S&P como "altamente especulativo".
Apenas em 30 de abril de 2008, já no governo Lula, o Brasil atingiu o chamado "grau de investimento", com a nota BBB-. A promoção veio em 17 de janeiro de 2011, com a classificação BBB, e agora, nesta segunda-feira, o Brasil voltou ao nível de 2008. Ou seja: houve um rebaixamento, mas a classificação do risco-Brasil ainda é muito superior à da era FHC (BRASIL 247). A S&P apontou a piora na situação fiscal, ou seja, nas contas públicas, como um dos principais fatores que levaram ao rebaixamento, A trajetória ruim da situação fiscal é reforçada pela perspectiva de baixo crescimento do Brasil para os próximos anos. Desde que assumiu o poder, em 2011, a presidente Dilma Rousseff não viu um crescimento expressivo do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Desde então, a maior marca alcançada foi de 2,7%, no primeiro ano de mandato (VEJA).
Outros pontos apontados pela S&P que provocam piora são as contas públicas é a "contabilidade criativa", as manobras usadas pelo governo para tentar cumprir a meta fiscal sem mudar gastos e arrecadação. Soma-se a esse cenário de baixo crescimento e má gestão das contas públicas, a corrida presidencial deste ano. Normalmente, anos eleitorais não são conhecidos por períodos de fortes ajustes, isso porque reduzir gastos, por exemplo, poderia ter um impacto negativo para o eleitorado.
O Brasil somente saberá quando poderá sonhar com o Grau de Investimento novamente, após a apreciação do impeachment pelo Senado Federal bem como, da aprovação da reforma da previdência e do limite de gasto dos órgãos públicos. Se tudo acontecer conforme a vontade dos agentes teremos ganharemos o ano de 2017 em 2016, podendo retomar o crescimento em 2018.
Adriano José da Silva
Professor Coordenador da Escola de Administração da IMED