Pessoas que nunca fumaram, mas que vivem em áreas com níveis mais elevados de poluição do ar, são cerca de 20% mais propensas a morrer de câncer de pulmão que quem vive em locais com ar mais limpo.
Embora o tabagismo seja a causa número um de câncer de pulmão, uma em cada 10 pessoas que desenvolvem câncer de pulmão nunca fumaram.
Em um estudo prévio mais de 180 mil não-fumantes foram acompanhados por 26 anos. Durante todo o período do estudo, 1.100 pessoas morreram de câncer de pulmão. Os pesquisadores estimaram a quantidade de poluição do ar a que eles foram expostos – medida em unidades de microgramas de partículas por metro cúbico de ar.
Depois que a equipe levou em conta outros fatores de risco para o câncer, como o fumo passivo, eles descobriram que para cada 10 unidades extras de exposição à poluição do ar, o risco de uma pessoa de ter câncer de pulmão aumentou de 15% para 27%.
O aumento do risco para câncer de pulmão associado à poluição é pequeno em comparação com o risco 20 vezes maior de fumar ativamente. Partículas finas na poluição do ar podem prejudicar os pulmões causando inflamação e dano ao DNA.
Pesquisas anteriores sugerem conclusões semelhantes. Um estudo feito na China, por exemplo, encontrou um risco aumentado de câncer de pulmão atribuído à poluição do ar, por conta da queima de carvão e madeira para aquecer as casas. E vários estudos europeus já ligaram níveis de fuligem e da poluição de veículos com o câncer de pulmão em não-fumantes.
Este é mais um argumento que explica porque os níveis de regulamentação (de poluentes no ar) devem ser tão baixos quanto o possível.
Luis Alberto Schlittler - oncologista do Centro Integrado de Terapia Onco-Hematológica (CITO). Responsável Tumores Gastrointestinais, Sistema Nervoso Central e Pulmão.