Os observadores da economia são como pirilampos do marketing. Aparecem e saem de cena como querem. Relacionam causa e efeito subordinados aos sintomas sustentados por uma realidade aparente e números supostamente fáticos. Como faz falta o saudoso Joelmir Beting, jornalista sociólogo que não se satisfazia em analisar a situação das finanças sob o ponto de vista apenas do mercado do automóvel. É claro que economista fala especialmente do mercado e faces pertinentes. Cada macaco no seu galho. O problema é que a palavra do economista sectário ecoa na mídia como predominante, principalmente em comparativos com os demais países do planeta. Ainda que necessário o foco opinativo isento de ilações reducionistas sobre a realidade, talvez pela omissão de arautos da compreensão histórico social, prepondera a exposição de estatísticas. E nos apegamos demasiadamente a elas. Com esse quadro de informação sofremos a indução a um conformismo que desvaloriza as vontades populares. Ainda que indispensável a relação com dados numéricos, sentimos falta da filosofia social.
Os destinos
Poucos brasileiros, como Milton Santos (falecido), um negro que ganhou espaços nos foros sociais do mundo, praticaram com coragem o dever de abordar o presente e o futuro. Milton incitou ações racionais e transformadoras. O Alemão Jürgen Habermas sintetiza pensamentos que envolvem a ação humana, especialmente na obra “A Teoria da Ação Comunicativa”. Habermas, apreciado pela ênfase na construção de espaços de conscientização abrangente no campo da sociologia e do direito, aposta no consenso de uma comunicação entre segmentos e suas verdades. No Brasil, o espectro da comunicação é incipiente e carrega volume massacrante de colagem. Essa reprodução constante esconde aspectos fundamentais para que a sociedade civil construa sua força política. O momento social e histórico é o mais rico e propício para a vertente das mudanças urgentes. É a hora de assentirmos ao sacrifício útil da potencialidade brasileira, com ânimo democrático, mas com a intenção forte de que o povo possa tomar seu destino nas mãos. Não há nada que não possa ser mudado.
Decadência
A soberania popular sente-se abalada com a decadência na esfera pública. E não se pode parar por aí, esperando apenas que a polícia faça o combate à corrupção nos setores públicos e privados. Esta é uma etapa valiosa que desperta o sentimento de punidade. É a prova de que nem tudo está selado como domínio dos males contra a nação. A frustração reside nas facções de representação partidária, ambas com culpa escandalosa, tanto num governo que sai como no governo que assume. O momento novo ainda não chegou. E só a permanente ação da sociedade majoritária e decente pode encaminhar o país.
Nada fácil
Vemos a típica atitude simplista em buscar a estabilidade financeira do tesouro. É bom lembrar que estamos buscando soluções fáceis. A venda ou entrega do patrimônio nacional precisa ser vigiada rigorosamente. Há necessidade de recursos, mas não podemos trocar tudo por um prato de lentilha, como fez Isaú a Jacó, citado na bíblia. Do sacrifício necessário só temos o desemprego. Bancos e altos salários oficiais são ainda intocáveis.
Retoques:
* Para quem imagina que país rico não tem problema, o presidente dos EUA alerta: o pavor coletivo pelo terrorismo ou o radicalismo racial não podem levar os norte-americanos a um estado policialesco.
* Como todas as coisas, a modernidade é ótima. Mas os cuidados devem ser maiores. A pedofilia, mal devastador, tem avançado com a comunicação eletrônica. Não é bem assim, mas os psicopatas covardes parece que são encorajados a agir em novas formas de anonimato.
* O fundamento de honradez do cidadão, e muito mais dos políticos, é causa nacional. A permanência de Cunha, e outros, no parlamento nacional derruba demais a cotação ética. Varrer essas coisas é bom começo!