OPINIÃO

O legado de Artemio Nascimento

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A biografia de um homem não pode se restringir a uma mera relação de acontecimentos entre as duas datas simbólicas que demarcam a existência do indivíduo, o nascimento e a morte. Há, para o bem ou para o mal, um legado deixado por cada um de nós na vida que vivemos, quer seja até o ponto no qual ainda nos encontramos por aqui ou até o derradeiro instante. Talvez seja por isso que Artemio Nascimento da Silva escolheu como titulo para o seu livro de memórias, recém-lançado, “O legado de uma história de vida”, em cujas páginas, com voz própria, narra a sua trajetória pessoal e profissional como representante propagandista na área farmacêutica.
Apesar do caráter muito pessoal, o livro “O legado de uma história de vida”, naquilo que diz respeito diretamente ao autor, seus familiares e amigos, há muito a ser tirado dessa obra, ainda que despretensiosa, especialmente no que tange à profissão e propagandista, à história da indústria farmacêutica, à cena médica local e ao ambiente dos cafés e das farmácias em Passo Fundo, dos anos 1950 até o final dos anos 1980.
Artemio Nascimento da Silva, natural de Marau, perdeu a mãe aos dois anos de idade, tendo vindo, ainda criança, para Passo Fundo acompanhado do pai e demais irmãos em busca de melhores oportunidades na vida. Aqui, como menor de idade, trabalhou como entregador de leite e de jornais, com passagem pelas oficinas de O Nacional, e como atendente de bar no Café Paraíso (esquina Moron e General Neto, no Edifício Scussel), no Café Independência (esquina Independência e General Neto), no Bar Brasil (esquina General Canabarro e Capitão Eleutério) e no Bar Oásis (ainda em atividade, no lado da Catedral).
Após ter servido o Exército, em Santana do Livramento, e já no posto de terceiro sargento, Artemio deu baixa e retornou a Passo Fundo, em 1957. Aqui começou como aprendiz de alfaiate na Alfaiataria Zanoto, na Avenida Presidente Vargas, em cujo estabelecimento trabalhou até dezembro de 1959.
Na indústria farmacêutica propriamente, Artemio Nascimento começou suas atividades, em janeiro de 1960, no Instituto Pinheiros Produtos Terapêuticos S.A, que tinha sede em Santo Amaro/SP e em Passo Fundo mantinha a Fazenda da Roseira, na saída para Coxilha, onde eram criados cavalos e cobras para a produção de plasma, sob a supervisão do então farmacêutico Daniel Viuniski, enviado em toneis a São Paulo, onde era feita a ampolagem e o medicamento produzido colocado em hospitais para o tratamento das vitimas de picada de cobras. Nesse mesmo ano, Artemio foi transferido para Porto Alegre, onde concluiu o curso Técnico em Farmacologia, passando a trabalhar diretamente com medicamentos, fazendo propaganda em consultórios dentários e depois como viajante e divulgador, propagandista-vendedor, da linha de produtos da empresa, em cuja função permanece até março de 1968, quando se desligou do Instituto Pinheiros. Depois trabalhou, nessa mesma função para os laboratórios Usafarma, Hormoquímico S/A e Rorer do Brasil, até fundar a própria empresa, em 15 de julho de 1985, a Anasil-Representações e Comercio Ltda., que detinha a representação de varias empresas da área médica.
Sobre as farmácias em Passo Fundo, Artemio Nascimento descreve um cenário muito diferente do atual, que merece um olhar mais atento da historiografia local. Relembra que eram poucos esses estabelecimentos, mencionando a Farmácia do Círculo Operário, a Farmácia Fontoura, a Farmácia Indiana, a Farmácia Central, a Drogabir, a Farmácia Rosa, a Farmácia Confiança e a Farmácia Mauá; além da Drogazil e da Panvel, que surgiram depois.
Artemio passa em revista os médicos da época, que, por serem poucos, tinham algumas peculiaridades deveras interessantes. É exemplo a descrição que Artemio faz do consultório do Doutor Cigano, o médico e oficial da Brigada Militar José Carlos de Medeiros, na esquina da Rua Capitão Eleutério com a Avenida Brasil. Querem saber os detalhes? Leiam o livro do Artemio.

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