O estado anormal de liberdade na Turquia evidencia um dos grandes problemas no planeta. O governo turco, alegando tentativa de golpe prendeu todo mundo. Agora anuncia soltura de milhares de presos políticos por falta de estrutura carcerária. A necessidade de encarceramento no Brasil vem aumentando numa proporção perigosamente maior em relação à estrutura presidiária. O apontamento alarmante mostra degradação no que chamam de logística das prisões. Essa deficiência estabelece uma incompetência que gera iniqüidade por que permite a prevalência da cultura patrimonialista. Isso equivale dizer que os condenados encarcerados destituídos de recursos continuam sofrendo muito mais, diante dos privilégios dos mais poderosos. É verdade que o fortalecimento das investigações do crime organizado é um duro golpe na hegemonia do crime de colarinho branco. Agora é esperar que a ação policial não se transforme num momento episódico perante a vontade dos agentes das instituições e que não se limite a saciar passionalidades partidárias. E, mesmo sem lastro financeiro oficial, o investimento na rede carcerária é imprescindível como corolário de um movimento ainda incipiente, mas urgente para efetividade da tarefa policial e judiciária. É um dos piores momentos em nossas prisões das quais depende a crença de punição aos criminosos. Não desejamos o inferno para condenados, e muito menos o medo permanente das pessoas de bem que agem de acordo com a lei e querem o básico direito de andarem livres no campo e na cidade.
Tornozeleiras
Sem adequação mínima no sistema carcerário fica difícil a aplicação da pena de acordo com a previsão da lei. O surgimento da aplicação da tornozeleira eletrônica depende de maior eficiência, principalmente para o regime semiaberto. A liberdade vigiada é um dos caminhos que ajuda o dever do estado na aplicação da pena, mas não é solução. As prisões dependem de um grande sistema que exige dinheiro e rigoroso aperfeiçoamento. O problema é que tudo isso está no limite com perigo de implosão.
É tempo de medalhas
Nem se pode pensar em dissociar o evento das Olimpíadas do Brasil dos efeitos no ânimo das pessoas. A verificação das contas dos investimentos no Rio de Janeiro fica para depois. O valor da organização das metas pessoais coletivizadas e o potencial individual representam a maior lição do bem. Em gestos pequenos e momentosos vemos isso. As medalhas são objeto de cobiça, mas restritas. A luta é a experiência que nos ensina a vencer. Atletas como Tiago Braz da Silva ou Rafaela Silva, laureados com medalha de ouro, ou medalhistas de prata ou bronze expressam a imensa possibilidade de conquistas. Outras brilhantes participações, como o futebol feminino indicam que existe algo importante para quem crê e luta. Mesmo sem medalha!
Vergonha
As revelações de doping no atletismo russo ou a prisão do presidente do Comitê Olímpico Patrick Hickey, da Irlanda, por venda ilegal de ingressos comprova que a corrupção não tem bandeira. A única bandeira é o desrespeito. As péssimas atitudes das pessoas envergonham, não as derrotas na disputa esportiva.
As mulheres
Ainda que no país do futebol o incentivo às equipes femininas seja insignificante, algo acontece nas olimpíadas. Os países orientais apresentam pálida participação das mulheres, como o Irã que na sua história coleciona 176 medalhas olímpicas, mas só homens competiram. Tudo aponta para sentimento de perda quando não há apoio às mulheres.
Retoques:
* A grande expectativa neste ano eleitoral diz respeito ao rumo de uma desejada democracia. A ideologia não pode morrer, mas o fanatismo não pode adoecer pessoas.
* A educação e os professores merecem especial reflexão. Ensinar é nobre missão, mas é preciso vencer a esquizofrenia da sobrevivência que mostra alguns focos. Um deles é a violência contra professores e entre alunos.
* Valorizar o bem não é deixar de ser inteligente ou esperto. É luta constante e muito incompreendida.