Prestes há completar 20 anos, o Plano Real, que teve como timoneiro Itamar Franco, mas quem efetivamente esteve à frente, montou a equipe, construiu e acreditou foi Fernando Henrique Cardoso, que logo após seria consagrado como Presidente da República do Brasil. O grande mérito foi acabar com a bagunça da economia brasileira, pois tínhamos um orçamento descontrolado, mas parecíamos um trem descarrilado, sem consistência e sem esperança, tudo isso após vários planos econômicos frustrados, ora por meio de confiscos, ora por congelamento de preços e o que é pior decretar moratória da dívida brasileira.
Ao controlar a inflação o Plano Real devolveu a esperança ao povo, uma nação sem moeda forte não poderia brigar por um espaço no cenário mundial, ao controlar a inflação e reorganizar a economia, possibilitou-se que as empresas e o governo pudessem planejar tuas atividades, até então isso era impossível.
No momento da implantação do Plano Real, assim como ocorreu na Constituição de 1988 o Partido dos Trabalhadores posicionaram de maneira contrária, por mais que existisse uma ligação entre FHC e Lula, essa relação não foi capaz de sensibilizar os “companheiros” a apoiarem o Plano Real, plano este que acusava de eleitoreiro.
Um dos pais do Plano Real Edmar Bacha, afirma que a economia esta totalmente desarrumada “acho que tem dois conjuntos de providência. Uma é arrumação da casa, é preciso voltar a ter credibilidade fiscal. É preciso ter melhor controle sobre a expansão dos bancos públicos, restaurar a capacidade de investimento da Petrobras. É um pouco tirar as amarras que foram criadas ao longo desses anos, tanto do ponto de vista fiscal quanto dos investimentos”.
Por sua vez Lula, que não apoiou e nem reconheceu o Plano Real no seu início no escreve um artigo com o título “Por que o Brasil é o país das oportunidades”, nesse artigo ele descreve os avanços da economia nos últimos 10 anos como se o Plano Real tivesse começado quando da sua posse no Palácio do Planalto. Os números apresentados por Lula refletem os méritos do seu governo e equipe Palocci/Meirelles, como o aprofundamento das metas do superávit primário o cumprimento dos contratos, o que possibilitou manter a inflação dentro da meta e se tornar uma pessoa querida pela banca internacional.
O Brasil cresceu e hoje um país grandioso em produção de automóveis, máquinas agrícolas, celulose, alumínio, aviões. Líder mundial em carnes, soja, café, açúcar, laranja e etanol. Precisamos investir em infraestrutura, portos, aeroportos rodovias e hidrovias além de liderar uma grande cruzada pela educação e inovação. Desde 2008 o mundo perdeu 62 milhões de empregos segundo a Organização Internacional do Trabalho e o Brasil criou 10,5 milhões de empregos.
De acordo com o economista Ricardo Amorim, “para financiar gastos públicos exagerados, o governo toma muito dinheiro emprestado. Como a oferta de poupança no Brasil é baixa e a demanda grande, em função da ampla necessidade de financiamento do setor público, o custo do dinheiro no país, isto é, a taxa de juros, é muito elevada, penalizando mais uma vez empresas e consumidores”.
Segundo o economista, durante crises de confiança no país, juros elevadíssimos atraem muitos capitais estrangeiros, causando uma ampla oferta de dólares por aqui, tornando a moeda americana no Brasil mais barata do que deveria ser. Isto barateia produtos importados, o que seria bom para nossos consumidores, mas dificulta a vida do produtor nacional.
Por fim, FHC e Lula que militaram contra a ditadura, sendo FHC o sociólogo e intelectual que foi exilado e Lula o torneiro mecânico líder das maiores greves do ABC paulista foram Presidentes do Brasil, Lula elegeu seu poste e FHC tentou eleger o seu. Quanto ao futuro, esse futuro que é agora é promissor, mas é necessário uma nova agenda política, com amplas reformas, com novas esperanças e um futuro sem crises de “homens”.
Adriano José da Silva
Professor Coordenador da IMED Business School