A Rio 16 está findando e até esse momento nada de apocalíptico aconteceu, a não ser, evidentemente aquilo que nos é rotineiro: assaltos...doping...bebedeiras...etc-e-tal. Fizemos uma festa bacana, convidamos todos, gastamos o que podíamos e o que não podíamos e a turma vai para casa e é chegada a hora de varrer, lavar a louça. O que de interessante ficou, além de algumas briosas medalhas é o projeto das forças armadas que contemplou 145 atletas e vários destes medalhados. O Brasil não é o mato selvagem que imaginavam que fosse, nem o celeiro de doenças tropicais. O exagero manifestado quando vaiamos passionalmente os nossos adversários como se inimigos fossem demonstram que devemos avançar no critério da civilidade. A competição é isso, o melhor geralmente vence e geralmente não é a gente. Temos que aprender e aceitar e aprender e aprender.
E agora José, que a festa acabou? Agora é chegada a hora de voltar os olhos para a nossa casa, a que embelezamos para o deleite dos gringos. Na cozinha dessa imensa casa não há leitos hospitalares que atendam nossas necessidades, não há grana para honrar os provimentos dos professores, dos policiais, do pessoal da saúde. A segurança pública é um caos, os acidentes nas estradas é um acinte. Menos mal que há aí uma turma sorridente a apertar nossas mãos e a pedir votos. Olha, a turma está cabreira, a turma está com um pé atrás.
Os direitos sociais são a base de tudo que se possa imaginar para o que chamamos de democracia. A riqueza coletiva deve ter a participação de cada cidadão. O cidadão deveria ter direito à educação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde, à velhice tranquila. Exercer a cidadania não é somente votar e ser votado. Exercer a cidadania é ter direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei. Sem isso a gente é meio cidadão. Essa é a nossa eterna olimpíada, a luta incessante para o bem estar coletivo que deveria estar muito acima do individual. Mas, estamos aí a aprender com os gringos que no visitaram.
A festa foi bacana, o investimento foi imenso e resta saber qual será o butim para o desalentado povo brasileiro. Mário Henrique Simonsen dizia que o Brasil é um país anestesiado, mas sem cirurgia. A cirurgia deve ser feita por nós, acompanhada por nós e, na nossa ausência, a quem a gente possa confiar.
O anedotário, no entanto, sempre marca a saga do nosso povo cordial. Ouvi, nem sei de quem e achei legal compartilhar: quando dois homens estão bebendo em um bar, um deles bebe porque não tem mulher e o outro...porque tem. Sempre se bebe pelas mulheres, sempre se vive pelas mulheres, elas estão no centro de tudo, gravitamos em torno delas. As mulheres jamais deveriam tentar copiar os homens porque, segundo Valdez Ludwig, a gente não deu certo. Sempre que há qualquer merda tem um homem na cabeça e nunca se ouviu falar, por exemplo, que a explosão se deveu a uma mulher-bomba.
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