OPINIÃO

Recuperar o Crédito

Por
· 3 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+



Para o economista João Morais, da Tendências Consultoria, a concessão de financiamentos continuará em queda ao longo do ano e a inadimplência aumentará. Ele estimou que o nível de calote das famílias termine o ano em 6,7% e, em 2017, poderá chegar a 7%. No caso das empresas, a taxa de atrasos superiores a 90 dias chegará a 5,2%. “Os bancos privados nacionais se anteciparam a esse movimento e aumentaram suas provisões para perdas no último ano. Isso ainda não ocorreu com as instituições financeiras públicas”.
De acordo com o economista Mansueto Almeida, o modelo que foi adotado no Brasil para concessão de crédito precisa-se ser analisado ao se levar em conta três fatores. Primeiro,   o crescimento mais rápido do Brasil não foi uma excepcionalidade quando comparado com outros países da América do Sul como mostra a tabela abaixo do crescimento do PIB em alguns países da América do Sul. Todos esses países foram favorecidos pelo boom de commodities, independentemente do número e da intensidade de reformas.
Segundo, é difícil falar em “modelo brasileiro” quando se tem em mente que temos a maior carga tributária entre os países em desenvolvimento que não aumentou nossa capacidade de crescimento; já que essa a maior carga tributária foi utilizada para financiar maiores gastos social (inclusive previdência) e não para aumentar o investimento.
Terceiro, o forte crescimento crédito que acompanhou a expansão do consumo e boom de commodities tem limites. No nosso caso, apensar do saldo dos empréstimos ser de apenas 49% do PIB, o crescimento nos últimos anos foi particularmente expressivo – acima de 20% ao ano em vários anos.
O fato é que vivemos um boom de crédito desde o ano de 2008, que foi até certo ponto saudável e fez com que a economia crescesse rapidamente. O revés de fato dessa política passou a ser sentido quando se especulava que o Brasil poderia perder o grau de investimento ou o rating da dívida.
Classificação de crédito (também chamada de nota de risco, rating, classificação de risco, avaliação de risco, notação de risco ou notação financeira de risco), avalia o valor do crédito de emissões da dívida de uma empresa ou um governo.
Essa classificação é feita através de notas representadas sob letras e sinais aritméticos dados a partir de uma série de avaliações concedida pelas principais agências de classificação de risco, como a Fitch Ratings, Moody's e Standard & Poor's, e avalia a possibilidade de esta entidade saldar suas dívidas.
O grau de investimento é uma espécie de selo de bom pagador concedido pelas agências de rating a um país e sinaliza que há baixo risco de que o governo não honre o pagamento de sua dívida. Muitos fundos de pensão estrangeiros, por exemplo, só podem investir em países que têm esse perfil de crédito.
Como consequência do aumento da inflação, a perda do selo de bom pagador tende a pressionar os juros básicos no país, principal instrumento usado pelo governo para conter a alta dos preços. 
Se a manutenção ou até mesmo a alta de juros se concretizarem, as chances de as operações de empréstimo ficarem ainda mais caras são grandes. Como a taxa básica de juros é usada como referência para definição de todas as taxas de juros praticadas no mercado, financiamentos imobiliários e empréstimos pessoais também podem sofrer elevações em suas taxas.
No atual cenário cabe as famílias procurar renegociar suas dívidas, cabe as empresas, melhorar sua concessão de credita, ou seja, conhecer melhor seu cliente e dominar de fato seu negócio. Os dias de vender crédito serão lembranças pelos próximos dois ou três anos.
Observar o cenário nacional contribuirá para que as empresas, empresários, investidores e as famílias possam voltar a consumir e a investir no longo prazo. Debater e votar reformas estruturantes irá possibilitar a melhora do cenário brasileiro melhora na percepção de risco do país e sinalizando de maneira estruturada e de longo prazo a queda da taxa SELIC, possibilitando os investimentos no setor produtivo, gerando emprego, renda, inovação de maneira sustentada no longo prazo.

Adriano Jose da Silva
Coordenador da IMED Business School

Gostou? Compartilhe