Estamos acompanhando o desenrolar da sessão que tratam do impedimento de Dilma Roussef por acusações de improbidade administrativa. Acho que há exageros, afinal contabiliza-se “fuga” de apenas 150 bilhões de reais contra 15 milhões (Revista Época) de outro impedido há 24 anos, Fernando Collor. Este, autointitulado “caçador de marajás” e pai dos descamisados afirmou que surpreenderia tanto a direita quanto a esquerda, como realmente fez. Os jovens foram às ruas, de cara pintadas, resgatar o país. O Brasil, gigante adormecido, não merecia isso, logo ele, de generosidades geográficas e climáticas e de povo tão cordato. Como não se apaixonar pelas belezas naturais e pelo que a mão do homem fez crescer? A gente pode e deve retribuir tanta bondade do Criador mas, convém, no entanto, não exagerar nessa leniência em relação aos que outorgamos poder para deliberar em nossos nomes. Dilma, dita de esquerda, tinha o mesmo discurso de Collor, dito de direita. Havia os ricos e endinheirados de lado e os pobres trabalhadores de outro. O que precisava ser feito era redistribuir, o que era necessário era apertar o cinto do abonado e frouxar dos que sofriam. O que constatamos? Constatamos que os abonados foram beneficiados e a grana que sumiu saiu das estatais, sustentadas pelo dinheiro de todos, ricos e pobres.
Absolutamente me faltam argumentos contábeis-jurídicos para apreciar se o que aconteceu nos últimos anos deve levar ao impedimento, isso fica a cargo de juristas e especialistas em economia e que deveria estar acima de paixões partidárias. Mas, num país onde grande parte das nossas autoridades está com o rabo preso fica difícil discernir a verdade da mentira.
Percebam como o discurso de nossos candidatos é de doçura ao apresentar soluções e de agressividade ao constatar ao que deixou de ser feito. Ah, como seria bom se as pessoas fossem como falam.
Menos mal que Passo Fundo continua bonita. Veja o sol, ainda ontem a chuva cujos pingos com o pano de fundo da lâmpada daquela poste ali davam um contraste inesquecível. Olhei a lua, incessante e bondosa a todos, lembrava meus primeiros amores. Ela foi absolutamente cúmplice das poesias que criava à procura da namorada que as merecessem. Ainda bem que encontrei quem desse ressonância ao que meu coração dizia. Mas, a gente cresce, viramos contribuintes, viramos CPF, outorgamos confiança em pessoas para dirigir nossos destinos e de nossos filhos. E, aí está, de 20 em 20 anos colocamos alguém para correr porque, supostamente, grana nossa foi para bolsos estranhos. Há quem ataque, há quem defenda, há até quem não se interesse. Como controlaremos os que vierem é a grande pergunta. Ainda bem que o mundo roda mesmo sem os homens. Como diz Veríssimo: o mundo é belo, só que, às vezes, é mal frequentado.
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