Teclando
Luiz Carlos Schneider
De boas na baderna
A baderna continua. Ninguém resolve. Já que a situação é tratada como insolúvel, então vamos conviver numa boa com a bagunça. Se não consegue vencer o seu inimigo, junte-se a ele. Quando a gritaria incomodar, grite também e comemore como se fosse gol do seu time. Se ouvir tiros, relaxe, ouça pelo lado bom do ouvido e faça de conta que são foguetes. Se um idiota passar de carro queimando pneus, lembre-se das emoções do automobilismo, pegue um volante imaginário e saia por aí fazendo curvas fechadas. Caso aparecer outro idiota (sim, eles são muitos) detonando o som do veículo, aproveite que a música é de graça. Como geralmente esse ruído sequer pode ser considerado uma melodia, fique feliz ao saber que você ainda tem um bom gosto. Valorize-se, pois hoje em dia isso é raro. Na ilusória hipótese de ter visto um menor bebendo, foi você quem bebeu pouco, pois seriam no mínimo dois. Se enxergar alguém fazendo xixi numa vitrine ou numa porta, considere isso como uma extensão ao ar livre do saneamento básico. Pela manhã, circulando no centro de Passo Fundo, não seja um rabugento. Ao encontrar cacos de vidro fique tranquilo, porque quando as garrafas foram quebradas elas já estavam vazias. Nada se perdeu, ufa. E não fique reclamando dos sacos plásticos pelas calçadas. Em pleno Século XXI esperava encontrar o quê? Sabugos de milho ou sacos de estopa? Não seja chato e ranzinza. Fica frio, pois tudo está no seu lugar. Então, agora volta prá casa e vai dormir que já é quase meio-dia.
Inacreditável
Conhece o inacreditável? É aquela expressão utilizada nas chamadas dos filmes de ficção. O inacreditável causa sempre um espanto ou pode ser algo inconcebível. Pois bem, acredito no inimaginável que venha do infinito espacial e até mesmo em Papai Noel. Doideira é continuar acreditando naquilo que nunca acontece. Exemplos: duplicação da rodovia Passo Fundo-Marau, asfaltamento da Transbrasiliana e ampliação (não remendos!) do Aeroporto Lauro Kortz. Uma pena que para esses três exemplos nunca faltaram promessas. No caso da Transbrasiliana, lá por 1963 estive num trecho próximo a Erechim que seria asfaltado. E os enormes tratores já estavam por lá. Porém, logo o ronco das máquinas foi abafado pelos discursos dos políticos. Mas haverá um dia em que o Garcia prenderá o Zorro.
Mesa Um
Na quinta-feira, houve sessão solene da Mesa Um do Bar Oásis. A reunião teve como paraninfo Paulo Magro e como anfitrião Renato Tagliari. O quórum atingiu média elevada, resultando em querelas agradáveis e muitas outras afabilidades. A ponte aérea Brasília-Pequim e a campanha eleitoral não influenciaram na pauta. Prevaleceu a fleuma dos confrades, sempre ávidos pela risibilidade coletiva. A retaguarda foi impecável, com a turma do Sipriani na churrasqueira e o Pagode na supervisão hidráulica. Um grande elenco para um grande encontro.
Trilha sonora
Em 1984, já nos últimos suspiros da exceção, um extenso samba-enredo de Chico Buarque e Francis Hime fez muito sucesso. A letra libertária, que retrata outro carnaval, só foi concluída no estúdio de gravação: Vai Passar