A votação massiva, que desmantelou a tropa de choque de Eduardo Cunha teve dois vértices de ampla visibilidade. O momento eleitoral é o clamor inescusável da própria democracia. Ninguém poderia apresentar-se às bases eleitorais com a marca de omissão na esperada cassação de Cunha. As marchas nas ruas contra Temer vinham robustecendo ameaça perigosa ao presidente recém empossado, que mantinha estreita ligação ao deputado cassado. Aliás, todo o movimento de oposição a Dilma em dado momento teve na liderança de Cunha sua grande expressão. Por isso estabeleceu-se urgência na rejeição ao ex-presidente do Legislativo que teve sua aura incinerada pelas denúncias e pelo inusitado processo ético, o mais longo da história parlamentar. Temer, o principal aliado de Cunha, não teve alternativa senão abandonar a parceria. A correlação de forças obrigou seu partido a também votar pela condenação do exaurido deputado. A escassa credibilidade popular do atual presidente foi a segunda determinante que o obrigou a exorcizar Cunha e ganhar pontos no conceito popular, evitando o forte rumor das ruas. Então, a democracia, presionou partidos e aliados do atual governo a derrotar o projeto feroz e comprometedor à moral pública, de Eduardo Cunha. Ele chegou a representar o segundo poder da República.
A finesse nababesca
Com muito dinheiro na mão, de origem investigada, a maioria modesta de nosso povo nunca assimilou o contraste sarcástico da vida particular de Cunha, lépido e envolto por uma finesse intrigante. Alguns até admiram hábitos nababescos, admoestando pessoas que questionam tanta prodigalidade da família em jantares e viagens ao estrangeiro. Começa, no entanto, a aparecer a origem de tanto dinheiro fácil na mão do ex-deputado. Tem muita gente que esbanja como doido, mas o contraste deste caso enfrenta investigação da Polícia Federal. Não é inveja, mas certos milagres financeiros ultrajam a sociedade. A novidade é o procedimento policial, político e jurídico que finalmente se opõe a sabidas iniqüidades.
Ministra preside STF
A ministra Carmen Lúcia foi direto ao assunto e teve a preocupação de falar a linguagem esperada pela maioria das pessoas: combate à corrupção. Nesse aspecto importa a preocupação com o fortalecimento das instituições judiciárias, MP e PF. Sua fala foi dirigida à austeridade. Isso parece simples, mas é o grande compromisso que serve de alerta aos que querem parar a Lava Jato. Neste sentido, o procurador Rodrigo Janot, na posse da presidente do Supremo, lembrou que é preciso saber e resistir a ofensivas contra as instituições que combatem o crime.
Renan e Cunha
O deputado cassado Eduardo Cunha certamente sente muito mais a perda da fortuna que recebia dos cofres públicos. Vergonha não existe para essa gente. Só a falta do dinheiro causa dor. Cunha ameaça o senador Renan, mas só não fará delação premiada para não reconhecer sua culpa.
Venda de concessões
A título de novidade o governo anuncia venda de concessões, aeroportos, ferrovias, portos e até a raspadinha. É para arrecadar rápido e injetar em investimentos para fomentar a produção. Algumas indagações, no entanto, merecem atenção. O pensamento neoliberal adora assumir concessões, mas os principais financiadores serão a Caixa Federal e BNDES. É privatização no papel. Recursos para o investimento sairão dos bancos estatais, incluindo Fundo de Garantia. Pode dar certo, mas também pode ser o mesmo que o cachorro brincar com o rabo!
Gaúchos
É válido o estímulo à semana Farroupilha como festejo folclórico. Música, indumentária, cavalo. Identificar as verdadeiras causas que nos levaram a esta guerra é diferente.
Castanho
Com pesar recebemos a notícia do falecimento de Jesus Mendes Castanho, natural de Seberi, ex-bancário e proprietário do Bar Oasis. Gremista, ex-presidente do Gaúcho e brizolista indômito. A Mesa Um do Bar Oasis foi instituída por acolher as diferentes matizes de pensamento da região. Nossas condolências aos amigos e familiares.