São muito significativas as comemorações da Semana Farroupilha. Elas vão além das fronteiras do Rio Grande do Sul, tanto nas comemorações quanto nos ideais relembrados. Luis Vinícius Brum, presidente do IGTF – Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore - apresentando o tema dos Festejos Farroupilhas de 2016, disse: “Entendemos esta data, que marca os 180 anos de um episódio tão significativo na vida do estado e do país, deva ser revisitado, comemorada, debatida, e as discussões sobre o tema haverão de ampliar o espectro do conhecimento e da compreensão de nossa jornada enquanto cultura e sociedade identificáveis”.
As profundas mudanças de época colocaram a humanidade num ritmo desenfreado dando ao instante presente um grande valor. Os fatos de ontem são facilmente relativizados e as origens – as raízes – vão perdendo valor. Não é justo esquecer os personagens do passado, nem relativizar a sua importância, pois o seu suor e o seu sangue fazem parte do presente. Os feitos do passado orgulham os gaúchos e são cantados em prosa e verso. Eles servem de referência para avaliar como vivem os gaúchos hoje.
Cantamos o Hino Rio-grandense a plenos pulmões. Sabemos cantá-lo tão bem ou até melhor que o Hino Nacional. O hino, em seus breves versos, revela sabedoria para avaliar os feitos passados e preocupação com o futuro. O verso final adverte: “Mas não basta pra ser livre ser forte, aguerrido e bravo. Povo que não tem virtude acaba por ser escravo”. O ideal alcançado pela luta só se mantém pela virtude que é uma qualidade moral. Um homem e um povo virtuosos são aqueles inclinados a fazer o bem. Fazem-no de forma constante como hábito.
No âmbito do cristianismo, existem as virtudes teologais que são a fé, a esperança e a caridade. Além destas, temos as virtudes cardeais que são a prudência, a temperança, a fortaleza e a justiça. As virtudes são infusas por Deus no homem para agir como cristãos e cidadãos, a exemplo de Jesus Cristo, vivendo fazendo o bem.
“Mostremos valor constância, nesta ímpia e injusta guerra”. Os valores são os referenciais do agir pessoal e social permitindo o entendimento e a convivência fraterna. Também são critérios de avaliação do indivíduo e da sociedade. Os valores são princípios inspiradores para a elaboração das leis e das estruturas. Não perdem a validade pelo agir contraditório dos cidadãos. Deste modo podemos dizer que o valor é constante e tem validade universal.
Chama atenção a compreensão de guerra e a sua classificação: ímpia e injusta. No linguajar cotidiano raramente usa-se o adjetivo ímpio que significa alguém desumano, desnaturado, insensível, que sente prazer em fazer o mal. A causa da revolução era grande e nobre, mas o método da guerra sempre é injusto e ímpio pela destruição e mortes que produz. Na guerra somente há perdedores, mesmo que alguém seja declarado vitorioso. As palavras Jesus Cristo são claras. “Felizes os promovem a paz, por que serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5,9).
Que o orgulho gaúcho, as múltiplas e belas manifestações culturais e artísticas da Semana Farroupilha envolvam e movam a todos os rio-grandenses para enfrentar as causas e os problemas da atualidade.
Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo
16 de setembro de 2016
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