A mistura causada pela exagerada produção de mitos na Revolução Farroupilha, consagrou nomes de comandantes revoltosos como defensores das causas populares. A difusão de versões comprometidas com as oligarquias na luta contra o império apregoaram contornos de revolta popular. Os motivos revelados pela história apenas confirmam que o interesse dos grandes era preservado, não os grandes interesses libertários. A revolta dos comandantes gaúchos movia guerreiros inflamados por oportunidades, mediante promessa de liberdade. Prometia terra e teto para a pionada, já exaurida na dura lida do campo. Os peões negros escravos foram chamados para escudar a frente do combate, iludidos pela causa abolicionista, esquecida no final da guerra. Famílias sem qualquer escolaridade, e com remuneração mísera, foram insufladas ao combate. Mas os termos da paz só foram assinados depois de exterminados cruelmente os heróis Lanceiros Negros, no massacre de Porongos, rejeitados pela omissão dos comandantes farrapos. Teria sido um acordo espúrio entre Caxias e Canabarro. Cogitações neste sentido ganharam força recentemente, quando se sabe que o Rio Grande não obteve nenhum benefício, a não ser aspectos monetaristas que beneficiaram grandes estancieiros com a redução de impostos. A mágoa abateu-se em todos os ranchos gaúchos, onde mães e viúvas de peões choravam a perda de filhos e maridos. Os Lanceiros Negros foram massacrados e não tiveram seus anseios de liberdade contemplados, também porque os estancieiros preferiram manter mão de obra barata nas fazendas. E os donos de terra comandavam a decantada revolução. Pouco importava o sangue dos heróis negros derramados pela libertação.
Costumes
Neste sentido é preciso distinguir a interpretação sobre fatos e costumes do que chamamos tempos heróicos. A importância e autenticidade dos costumes, memorizando a luta diária do gaúcho, enfrentando madrugadas frias e tropeadas pelo inverno, o cavalo, o galpão e sua indumentária, é tudo belo e valoroso. A tradição e folclore mostram como o gaúcho tem origem rebelde e desafiadora. Esconde, porém, o engodo das oligarquias que usaram a bravura de nossos antepassados para perpetuar afortunados, e nada mais.
A resistência
A resistência de pessoas que defenderam a liberdade recentemente, na ditadura de 64, esta foi episódio claro de luta por liberdade. E também foi cruento, ainda que não exclusivo do gaúcho, já que mobilizou uma luta heróica em todo o país.
Golpe surdo
Na segunda-feira o parlamento brasileiro quase consolida uma manobra de plenário para derrubar juridicamente os efeitos (em parte) da investigação da Operação Lava Jato. Embutido num projeto de combate à corrupção, a proposta previa anistia velada aos autores denunciados ou investigados pelos desvios do caixa dois. Os representantes do PSOL e Rede não foram informados sobre a manobra e denunciaram em plenário. A norma orquestrada pelos partidos envolvidos em denúncias deveria favorecer indiciados e investigados com efeitos do princípio da retroatividade em benefício do réu. A manobra surda foi abortada. Momento grave da conduta dos parlamentares na Câmara Federal. Seria como justificar a expressão de Horácio “pariunt montes, nascetur ridiculus mus (montanhas entram em trabalho de parte, e nasce um ridículo rato).
Diagnósticos falsos
A Polícia Federal prendeu 19 suspeitos de golpe envolvendo a saúde pública, com falsos diagnósticos e cirurgias desnecessárias a pacientes indefesos. A ação criminosa revela crueldade praticada por agentes e profissionais de elite, capazes de entender a gravidade das vilanias. E tudo por lucro fácil. O MP cobra 30 milhões de indenização às vítimas.
Retoques:
* O ex-presidente Lula é denunciado por crimes de lavagem de dinheiro e recebimento de propina. A Justiça recebeu a denúncia, enquanto Lula se diz injustiçado. As versões dependerão de prova. Se Lula for absolvido sairá como herói perseguido. Se tudo for provado será condenado. É a síntese.
* Fomos tomar mate, ontem à tarde na gare. O ambiente muito agradável com sol e gente de toda parte circulando e brincando.