No livro recém adquirido Filosofia Para Corajosos (Luiz Felipe Pondè) há referência de que os idosos de hoje são medidos pelo valor de “uso”, pelo que são capazes de fazer a coisa funcionar. Os idosos, diz, já não valem nada (a não ser pela possibilidade dos empréstimos consignados) e ficam brincando com computadores/facebook para parecer fazer parte deste mundo. Antes quando ser idoso era coisa para poucos havia a devida valorização, hoje como são às pencas, ficaram diminuídos e com o avanço das tecnologias de informação, desconhecidas pela maioria deles, perderam a capacidade de narrar a vida, ou seja, ajudar os mais jovens a compreender a vida através da experiência acumulada das gerações. Chocante, não é mesmo? Mas, perturbadoramente verdadeiro. Na minha infância meus primos eram considerados alunos “comportados”, boca-abertas, na minha opinião, tal qual todos da minha geração. Sentavam-se à frente, nada questionavam a seus professores, movimentavam a cabeça somente em sentido anteroposterior em sinal absoluto de subserviência. O professor de ensino vertical falava e jamais poderia ser contestado. O professor sabia das coisas, sabia de tudo, era letrado, coisa que a maioria dos pais não era. Melhor ouvir e aprender. Meus três sonhos na década de 1960 eram: ter um relógio de pulso (ou de punho?), aprender a nadar e aprender a andar de bicicleta de duas rodas. O que sonha um garoto de idade entre 10-13 anos hoje em dia? Sonha qualquer coisa que não envolva um professor de ensinamentos verticais.
Hoje, a gente que nem eu está desinserida, a maioria dos professores não entende de multimídia e querem proibir celulares ou I-pads em sala de aula. Ora, a tecnologia, é a vida deles, não as nossas ultrapassadas vidas; ao impedir acessos a tecnologias dentro das salas de aula, estamos impedindo suas vidas e estar em aulas conosco significa para eles que não estão vivendo e que tudo o que desejam é não estar conosco porque estar conosco é não ter vida. O aluno não vê a hora de a aula acabar e voltar a sua vida. O professor se sente desvalorizado. Pensa, vou mandar um Whats para meus colegas, quem sabe um e-mail. O que fazer? Dizem que a gente percebe uma empresa que vai falir quando ela entra na justiça contra inovações (carruagens x automóveis, taxis x Uber, professores x tecnologia digital). A gente lutando para que a tecnologia seja retirada da adolescência é a mesma coisa que tentar fazer o Anderson do Inter a suar a camisa. Talvez seja bom investir pesado para que os “professores” aprendam a usar a tecnologia para ensinar e aprender misturando conhecimentos das novas gerações.
Leio que os conteúdos didáticos das escolas vão sofrer grande transformação. É inexorável que aconteça, não sei se para melhor, é verdade, mas estou tentando compreender a hipotenusa e Báskhara, se é assim que se escreve, ou a importância que isso tem na minha vida, já que ocupou uma pasta na minha memória. Queria mandar um e-mail para os demais idosos para reclamar dos jovens mas, como é que se faz mesmo? Vou pedir ajuda para meu sobrinho que tem 4 anos de idade.
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