Teclando
Luiz Carlos Schneider
Reformas que machucam
Estudei em excelentes escolas públicas em Erechim: JB e Mantovani. Mesmo assim, sou vítima de várias reformas do ensino. Exatamente no ano da minha alfabetização, vigorou um inusitado método de aprendizado sem decorar a sequência do alfabeto. Hoje, ainda não me encontro muito bem na ordem alfabética de um dicionário. A medida foi extinta no ano seguinte. Depois veio a moderníssima matemática moderna. Eu, claro, mais uma vez servi como cobaia, não decorei a tabuada e não aprendi a prova dos nove. A modernidade foi extinta no ano seguinte. Passei no exame de admissão para ingressar no ginásio. Novo patamar, novas reformas. Quando iniciei o curso ginasial, os persistentes reformistas já haviam usurpado o Latim. Ou seja, fui confiscado na minha qualificação etimológica. E faz muita falta. Por sorte, ainda tive aulas de Francês. Últimos dias de ginásio e vislumbrávamos pela janela o Científico ou o Clássico. Nem uma coisa, nem outra. Minha sina não acabou e surgiu mais uma dessas reformas impostas goela abaixo. Desta vez mais ampla, implantou um ilusório ensino profissionalizante. Se, já pensando em uma faculdade, tínhamos dúvidas entre Científico ou Clássico, imaginem decidir entre técnico agrícola, assistente administrativo etc. A profissionalização foi uma piada. Nos gabinetes, oportuno-adesistas enchiam bocas para falar maravilhas sobre o novo Segundo Grau. Nas salas de aula, nada de Espanhol ou de Filosofia, enquanto outras matérias chegavam pela metade. Ótimos professores, mas o currículo escolar era fraco. Graças ao Aeroclube, reforcei alguns conhecimentos de Física e Matemática. Foi uma dolorosa rasteira que reprimiu nossos sonhos, quebrou encantos e mudou os destinos de toda uma geração.
Reformas que preocupam
Agora, 41 anos após concluir o segundo grau, vislumbro em velocidade estratosférica mais uma reforma. Quando aparece uma informação que depois é “minimizada”, fico com uma ou mais pulgas atrás da orelha. Parece que foi do tipo “se colar colou”, lembrando a máxima do bode na sala. Então, surgiram ínfimas e inócuas dúvidas. Por que não querem que os jovens aprendam espanhol, língua latina e de países vizinhos? Filosofia e Sociologia, que ensinam a pensar, representariam alguma espécie de risco? O ensino de Artes será suprido pela televisão? Por que tamanha agilidade num processo tão delicado que demanda estudos e discussões? Além dessas, são muitas as dúvidas de nível médio sobre o futuro do ensino médio. Com foco interno e, of course, externo.
Feriados
Setembro, primavera e feriados. Em Passo Fundo os supermercados não funcionaram no Sete de Setembro e nem no Vinte de Setembro. Na nota de serviço do último feriado, o Correio do Povo informou sobre o funcionamento dos supermercados em Porto Alegre. “Na Capital, conforme a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), os estabelecimentos deverão abrir normalmente”. Será que em Passo Fundo ainda não merecemos um comportamental equivalente ao da Capital? Ou continuaremos regredindo, regredindo, regredindo...?
Trilha sonora
Lembrando os nossos sonhos apaixonados, em 1972, embalados pela música de Lobo: