OPINIÃO

Os 100 anos do CECAT

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Liberdade e responsabilidade; assim o professor Mozart Pereira Soares, em 1997, sintetizou, com maestria, a origem, a evolução e a finalidade do Centro dos Estudantes dos Cursos Agro-Técnicos (CECAT) da Escola Técnica de Agricultura (ETA), de Viamão/RS.
Uma trajetória de 100 anos, iniciada em 28 de setembro de 1916, contabilizou nessa semana o centro de estudantes do famoso educandário agrícola de Viamão. Entender a história do CECAT e por que nesse centro de estudantes foram forjadas tantas lideranças nas mais variadas áreas – politica, empresarial, educacional, científica, artística, literárias, etc. – exige que não se dissocie essa agremiação do ideal da Escola de Engenharia de Porto Alegre, fundada a 10 de agosto de 1896, com viés positivista frise-se, de conduzir o indivíduo do mais modesto ao mais elevado grau de ensino técnico.
E assim, pode-se dizer que tudo começou na antiga “Chácara das Bananeiras”, onde hoje se localizam o Presidio Central e alguns estabelecimentos da Brigada Militar (na Av. Aparício Borges), em Porto Alegre, que era a sede da Estação Agronômica do Estado e, pela Escola de Engenharia de Porto Alegre, passou a funcionar, a partir de 1911, o Curso de Capatazes Rurais. Em 1913, o Curso de Capatazes Rurais foi transferido para as novas instalações do Instituto de Agronomia e Veterinária, no km 9 da estrada que ligava Porto Alegre a Viamão, conhecida como Estrada do Mato Grosso, a atual Av. Bento Gonçalves. E foi ali, por iniciativa de um pequeno grupo de alunos, que foi criado, em 28 de setembro de 1916, o Grêmio dos Estudantes do Curso de Capatazes Rurais (GECCR). Em 1917, o curso foi transferido para o Posto Zootécnico e Estação Experimental de Viamão, na localidade de Passo do Vigário, onde o GECCR passou a funcionar numa pequena sala junto ao refeitório dos alunos.
Em Viamão, o Curso de Capatazes Rurais foi transformado em Técnicos Rurais e permaneceria naquele local de 1917 até 1929, quando retornou ao Vale da Agronomia em Porto Alegre, para a sede do Instituto Borges de Medeiros, onde hoje está localizada a Faculdade de Agronomia da UFRGS. A partir da mudança do nome do curso, o centro estudantil foi denominado de Grêmio dos Estudantes do Curso de Técnicos Rurais (GECTR). E, uma vez sediado no Instituto Borges de Medeiros, passou a ocupar uma das casas vagas de moradia de professores. A primeira casa na Estrada do Mato Grosso, no sentido Porto Alegre Viamão. Ali, a biblioteca foi ampliada, com destaque para a Enciclopédia e Dicionário Internacional W. H. Jackson Inc., a Revista EGATEA e boletins agrícolas diversos, além de títulos variados de literatura nacional e internacional e das Edições Globo.
Em 1936, o curso de Técnicos Rurais retornou para o domicílio atual da ETA, no Passo do Vigário, começando a construção da sede do grêmio estudantil, com sala de visitas, biblioteca, salão de jogos, sala de troféus, biblioteca e área administrativa. Em 1941, no surto nacionalista da Era Vargas, mudou o nome para Grêmio Cívico Fernão Dias Paes Leme. Mas, terminada a Guerra, em 1945, retornou para Centro dos Estudantes do Curso de Técnicos Rurais. E, finalmente, e 1949, passou a denominar-se Centro dos Estudantes dos Cursos Agro-Técnicos (CECAT), que permanece até hoje.
Mas, o tempo foi passando, sobrevieram crises e baixos investimentos em educação técnica na esfera estadual e a sede do CECAT, por falta de manutenção, foi sendo deteriorada até que, um dia, literalmente, o telhado caiu e o mato tomou conta do prédio, que virou uma tapera abandonada. Inconformados com a situação, em 2013, um grupo de ex-alunos, da turma de 1963, resolveu trabalhar pela reconstrução da sede do CECAT. A ideia foi abraçada pela Associação dos Ex-Alunos da ETA, deslanchando uma campanha de arrecadação de recursos para a obra. Três anos e alguns dias depois, a nova sede do CECAT foi oficialmente inaugurada no último domingo (25), no marco das comemorações dos 100 anos da entidade.

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