OPINIÃO

Raul Boeira, Rumo aos 60 com muita música na veia

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Às vésperas de completar 60 primaveras, Raul Boeira tem muito a comemorar. E o meio musical também, por ter no seu seio um músico com sensibilidade e talento que carrega um estilo requintado ao executar e compor sua arte e que defende a bandeira de seus colegas, participando ativamente da difusão de seus trabalhos e projetos artísticos.

O ESTILO E A FORMA DE COMPOR

“Aprendi a tocar ouvindo a MPB dos anos 70... Gil, Ivan Lins, João Gilberto. Faço música popular brasileira. Componho ao violão e, só depois de completamente definidas melodia e harmonia, é que eu parto para os versos.”

 

A FAMA DE ERMITÃO

 

Raul diz que gosta mesmo é de compor. Fez apenas dois shows: em 1988, na Vital, e em 1993, no Parole. Avesso ao palco, confessa: “não me considero um performer e, francamente, me sinto melhor à sombra”. 

Sempre que perguntam sobre sua carreira, ele responde: “Não tenho carreira, sou um amador e toco violão pra brincar, nas horas vagas”. Mas, ainda que nunca tenha atuado como músico profissional, RAUL BOEIRA é uma referência na música de Passo Fundo. Chegou aqui em 1974 e, desde então, vive “rondando” – como gosta de dizer – a nossa cena musical. 

 Filho de acordeonista, ouve música desde que nasceu. Quando tinha uns 8 anos, “ficou viciado” nos musicais da TV e aos 15, com o primeiro salário de office-boy, comprou um violão. 

 Aos 17 anos, quando chegou à Passo Fundo  foi trabalhar em um escritório e a música começou a andar lado a lado com a profissão. Com as revistinhas de violão que comprava nas bancas, aprendeu a tocar Caetano, Elis, Chico...  Ouvia muito jazz e MPB. Os companheiros das rodas de viola, Alegre Corrêa e Ronaldo Saggiorato, se profissionalizaram. Raul seguia trabalhando e estudando, e não quis arriscar: “Meu negócio é ficar tocando em casa e compor”, sempre dizia. A fama de compositor veio graças às fitas k7 que gravava e dava aos amigos.

 

Nos anos 80, já trabalhando no Ministério da Fazenda, foi estudar com o amigo Dudu Trentin e, em 1989, teve duas canções lançadas na Áustria, pelo Mato Grosso Group. A partir daí, passou a ser gravado por artistas do sul e do centro do país. O samba “Negro Coração” é um hit e está no repertório de muitos intérpretes. “Clariô” integra o cd Joe Zawinul 75th, premiado com o Grammy 2010 de Melhor Álbum de Jazz Contemporâneo.  

 

 

Os Discos

“Volume Um

 

” foi cd gravado no Rio de Janeiro em 2008 e contou com instrumentistas como Lula Galvão e Ricardo Silveira, dentre outros. 

 

No final de 2014, Raul e a esposa, Márcia Barbosa, professora de Literatura da UPF, começaram a letrar algumas melodias que estavam na gaveta: “a parceria deu tão certo que, em dois meses, aprontaram treze canções muito boas, e aí passaram a pensar em um novo disco”. As gravações do cd “Cada qual com seu espanto” aconteceram em fevereiro, no Rio, sob a direção de Dudu Trentin e uma banda com Jurim Moreira, Marco Vasconcellos, Jessé Sadoc, Marcelo Martins, Celso Fonseca e outros craques. 

 

Opinião¹

“Assim como a onda é redonda e eterna, assim as melodias de Raul Boeira parecem existir desde sempre. Não se sente o labor do músico em criá-las; esse é, penso eu, o melhor que se pode dizer acerca da qualidade artística de um criador. São assim as obras-primas: ninguém pensa que alguém as criou, um dia.”  

 

¹Luiz Antonio de Assis Brasil

Escritor, professor e ex-Secretário de Estado da Cultura 

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